Título: Temer defende gastos de deputados e diz que despesas não são privilégios
Autor: Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 04/02/2009, O País, p. 4

O FUTURO REPETE O PASSADO: Peemedebista é cético sobre reforma tributária.

Presidente da Câmara afirma que compensação por trabalho não é benesse

BRASÍLIA. Com um discurso menos austero do que o do colega do Senado José Sarney (PMDB-AP), que prometeu cortar 10% do orçamento deste ano, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), disse ontem que poderá elevar os gastos com a TV Câmara para cumprir a promessa de mostrar o trabalho dos deputados nos estados. Ele disse novamente que é preciso combater a ideia de que deputado não trabalha a semana inteira.

Perguntado sobre gastos do Poder Legislativo, ele adotou um discurso que agrada aos colegas: combaterá os exageros; no entanto, frisou que as despesas não podem ser vistas como privilégios, e sim compensação pelo trabalho feito.

"A política será de redução de gastos"

Mas o presidente da Casa prometeu examinar o caso dos que assumem o mandato por poucos dias e ganham o vencimento de um mês inteiro.

- Essa questão dos gastos, pode haver um ou outro exagero que vamos acertando, mas não se pode, a todo momento, combatê-los como se fosse uma benesse, ou melhor, um privilégio, e não uma compensação por trabalhos. Sobre (o caso de) quem vem um dia e ganha o subsídio do mês todo, esse é um caso que podemos examinar - disse Temer, em sua primeira entrevista coletiva.

No caso da TV Câmara, explicou que ainda não tem uma fórmula administrativa a respeito do novo modelo:

- A tônica de qualquer governante é eliminar gastos. Agora, eliminar gastos desde que seja possível eliminá-los. Dou o exemplo da TV Câmara. Disse no meu discurso ontem (anteontem) que quero levar a TV Câmara aos estados, a fim de revelar o trabalho que os parlamentares fazem nos seus fins de semana. Isso pode importar num relativo aumento de gastos da TV Câmara. Em contrapartida, será possível reduzir em outros setores. Então, a política será de redução de gastos.

Ele disse que há alternativas, como aumentar a presença da emissora da Câmara nos estados ou fazer convênios para usar a estrutura das TVs das assembleias legislativas:

- O inadequado juridicamente e incorreto politicamente seria o deputado ficar aqui de domingo a domingo, porque ele perde o contato com o local onde vai ouvir as necessidades. O Brasil formal está aqui, em Brasília, mas o Brasil real está lá fora, nas nossas bases eleitorais.

Temer defende valor de salário dos deputados

Temer ainda defendeu o salário dos deputados, queixando-se que sempre há críticas sobre o valor, se comparado ao salário mínimo (R$465):

- Se vocês quiserem, pode se estabelecer o seguinte: o deputado não ganha nada. Mas, daí, vamos nos convencer de uma coisa: virão para cá apenas aqueles que foram bem providos economicamente. Com isso, violamos o princípio da representação.

Sobre as prioridades da Câmara, prometeu levar os projetos polêmicos a plenário, mas fez uma ressalva:

- Não podemos fazer uma reforma tributária que desagrade muitos setores da nacionalidade. Não vale a pena uma reforma tributária que cause distúrbios ao país.