Título: Sensus: Dilma sobe 3 pontos, mas Serra lidera
Autor: Vizeu, Rodrigo
Fonte: O Globo, 04/02/2009, O País, p. 8
Apesar da crise, popularidade de Lula é de 84%, e maioria acredita que o emprego e a renda vão melhorar
BRASÍLIA. Favorita do presidente Lula para a sucessão presidencial de 2010, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, do PT, começou a sentir os efeitos da superexposição: subiu três pontos percentuais de dezembro para janeiro nas intenções de voto apuradas por pesquisa do Instituto Sensus encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) e divulgada ontem. Os candidatos mais cotados do PSDB, os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG), mantiveram-se na liderança em todos os cenários, mas registraram perda de pontos.
Num primeiro cenário, Serra, que tinha 46,5% em dezembro, segue na dianteira com 42,8%, e Dilma salta de 10,4% para 13,5%, ocupando agora a segunda posição. A ex-senadora do PSOL Heloísa Helena oscila de 12,5% para 11,2%, em terceiro lugar. Quando o candidato do PSDB é Aécio, o tucano lidera com 23,3% (tinha 25,3% em dezembro). Em seguida, Heloísa Helena vai de 19,1% para 18,2%, e Dilma sobe de 12,9% para 16,4%.
O cientista político Ricardo Guedes, do Instituto Sensus, aponta a maior visibilidade como principal razão da subida da petista, enquanto as divergências internas no PSDB sobre o candidato de 2010 seria um dos motivos para a piora do desempenho de Serra e Aécio:
- As queda pode ter sido causada por divergências internas dentro do PSDB; elas não favorecem o partido.
Guedes considerou que os governadores também perdem votos para o aumento do número de indecisos, que cresceram de 13,4% para 16,1% no primeiro cenário e de 16,7% para 18,7% no segundo:
- Começa a haver uma antecipação da campanha com o aumento dos indecisos. Nessa época, aumenta a racionalização dos eleitores.
Aprovação ao governo cresce de 71,1% para 72,5%
Nos cenários de segundo turno, Serra também perde pontos para Dilma: de 53,7% em dezembro para 50,8% em janeiro. Já a petista sobe de 14,5% para 16,6%. Contra Aécio, Dilma vai de 20,2% para 23,9%, mas o tucano lidera com 30,4%. Em dezembro, ele tinha 32,3%.
Com o crescimento de Dilma, também aumentou a avaliação positiva do governo Lula, que registrou 72,5% em janeiro. O índice de ótimo e bom é um novo recorde, superando o anterior, de 71,1%, de dezembro. A aprovação do desempenho pessoal do presidente também subiu: de 80,3% para 84%. A desaprovação foi de 15,2% para 12,2%.
Guedes associa a alta popularidade de Lula com a crença de mais da metade da população de que emprego e renda vão crescer nos próximos seis meses, mesmo em meio ao agravamento dos efeitos da crise no Brasil: 51,1% apostam em mais postos de trabalho - em dezembro, eram 47,3% . Quanto à renda, 51,7% acham que vai melhorar nos próximos seis meses, contra 47,2% do fim de 2008.
- O povo acredita em Lula e nas medidas do governo contra a crise. O cidadão percebe o desemprego, mas acredita que as medidas vão funcionar.
O presidente da CNT, Clésio Andrade, faz, porém, um alerta:
- Não tem como sustentar essa popularidade em cima de uma crise.
A pesquisa foi realizada entre 26 a 30 de janeiro, em 136 municípios de 24 estados, com 2 mil eleitores e margem de erro de três pontos percentuais.