Título: Setor encolhe e CNI já admite recessão no Brasil
Autor: Almeida, Cássia; Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 04/02/2009, Economia, p. 19
Caem horas trabalhadas, emprego e capacidade.
BRASÍLIA. O fraco desempenho da indústria em dezembro, com quedas intensas e disseminadas nos principais indicadores industriais, como horas trabalhadas na produção, emprego e utilização da capacidade instalada, já leva a Confederação Nacional da Indústria (CNI) a admitir a possibilidade de uma recessão no Brasil no primeiro trimestre deste ano. Esse quadro se caracteriza tecnicamente por dois períodos seguidos de contração da economia.
Segundo a CNI, o número de horas trabalhadas na indústria em dezembro caiu 8% em relação a novembro, um recorde desde que esse índice começou a ser medido, em 2003. Para efeito de comparação, a maior baixa até então havia sido a queda de 1,7% em novembro.
O tombo se deveu à redução do consumo interno e da demanda internacional por produtos manufaturados, o que levou muitas indústrias a realizarem pausas na produção, cortando horas extras e concedendo férias coletivas. Para a CNI, a queda na produção deve se repetir, em menor proporção, no primeiro semestre de 2009.
- O quadro é grave. Sem medidas adicionais do governo, será mais difícil que a economia se recupere em um prazo curto. Os dados negativos da balança comercial em janeiro reforçam a probabilidade de nova retração do primeiro trimestre e, tecnicamente, a ocorrência de recessão - disse Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de política econômica da CNI.
O faturamento da indústria cresceu 1,4% em dezembro, mas, segundo a CNI, o resultado é uma acomodação das quedas dos meses anteriores. No acumulado do trimestre, o faturamento caiu 10,4%, diminuindo o resultado anual para um crescimento de 5,7% em relação a 2007. A perda de dinamismo na indústria levou a um recuo 0,5% no emprego, a segunda queda consecutiva. (Eduardo Rodrigues)