Título: Sarney nomeia procurador para acomodar aliado descontente
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 05/02/2009, O País, p. 3

Função caberá a Magno Malta, que poderá contratar três assessores.

BRASÍLIA. Depois de dois dias de bate-boca e troca de ofensas, um acordo permitiu ontem que a 4ª secretaria do Senado, cargo disputado por três senadores do PDT e do PR, ficasse com Patrícia Saboya (PDT-CE). Em troca, o PR foi contemplado com uma vagas de suplente da Mesa que era do PT, mas que já estava prometida pelo partido a Marcelo Crivella (PRB-RJ). A busca pelos cargos não acabou. E promete voltar na definição dos comandos das comissões permanentes, semana que vem.

Agora é preciso recompensar Crivella. E o PR ainda exigiu um lugar para acomodar Magno Malta (ES), que disputava no partido uma vaga na Mesa com Cesar Borges (BA), que ficou com a suplência que era do PT. Malta deverá ser nomeado procurador da Casa, cargo já exercido hoje por outros quatro senadores: Demóstenes Torres (DEM-GO), Gim Argello (PTB-DF), João Tenório (PSDB-AL) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE).

A função não é tão generosa como a dos dez titulares e suplentes da Mesa diretora do Senado - que podem nomear seis assessores e seis secretários parlamentares, estrutura equivalente a que cada parlamentar tem seu gabinete pessoal - mas Magno Malta poderá nomear três cargos comissionados. Sua tarefa será a de zelar pela boa imagem da Casa.

Com o acordo de ontem, Patrícia foi a última titular da Mesa a ser eleita, em conjunto com os quatro suplentes: além de César Borges, Adelmir Santana (DEM-DF), Cícero Lucena (PSDB-PB) e Gerson Camata (PMDB-ES). Para evitar novas disputas entre partidos, Sarney anunciou, pouco antes de dar início à votação, que pretende priorizar a reforma do regimento interno da Casa, que dá margem, atualmente, para que mais de uma pessoa reivindique o mesmo cargo na Mesa.

- Vamos proceder à eleição, tendo já a conciliação encontrada, como é o que sempre desejei, e acho que a Casa deseja, tendo em vista que essa é uma discussão já superada. Nas outras eleições, naturalmente que o regimento reformado vai resolver essas disputas de interpretação - disse Sarney.

DEM briga por espaço e quer liderança da minoria no Congresso

Diante da pressão de suas bancadas pela ampliação de seus espaços no Congresso, PSDB e DEM deverão se reunir para tentar um consenso sobre o preenchimento do cargo de líder da minoria no Congresso. O posto foi criado em abril passado, com a aprovação de um projeto de resolução do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), mas nunca chegou a ser ocupado. O senador Efraim Moraes (DEM-PI), está de olho na vaga. Assim como as demais lideranças da Casa, o novo líder poderá nomear até cinco vice-líderes. O problema é que o líder do PSDB no Senado é contra a ocupação dessa nova estrutura.

Novos conflitos, porém, estão previstos para a próxima semana, com a divisão do comando das onze comissões permanentes. O principal deles deverá ocorrer na Comissão de Relações Exteriores (CRE), cujo comando deverá ser disputado no voto entre Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e o ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL).

Embora pela regra da proporcionalidade (tamanho das bancadas), os tucanos tenham preferência de indicar o presidente da CRE, a comissão foi oferecida ao PTB pelos aliados de Sarney. Collor diz que não recua e está disposto a disputar com Azeredo.

- Conversei com o Collor e ele me disse que essa era a única comissão que caberia a um ex-presidente da República. Vamos à disputa e temos votos para ganhar, até porque teremos o apoio integral do bloco do governo, do DEM e do PT, cujos membros nos asseguram 12 dos 19 votos dos titulares da comissão - antecipou o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM).