Título: Dilma: não respondo nem amarrada
Autor: Paul, Gustavo; Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 05/02/2009, Economia, p. 17
Ministra evita assumir em público sua candidatura à Presidência
BRASÍLIA. Principal responsável pela apresentação do balanço de dois anos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do qual é considerada a mãe pelo presidente Lula, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, evitou assumir publicamente sua candidatura à Presidência, mesmo quando indagada por repórteres sobre os dividendos políticos de obras tão vultosas e com maioria das entregas prevista para 2010, ano das eleições.
- O governo quer ter candidato para fazer com que essas obras andem. Se serei eu ou não é outra história - argumentou a ministra.
Insatisfeita com a resposta, uma jornalista insistiu:
- Mas a senhora deseja ser candidata?
E Dilma, impassível, voltou a equilibrar-se:
- Eu desejo que o governo tenha um candidato para garantir que o país não fique nunca mais sem investimentos.
Se a ministra não cedia, a repórter agia da mesma forma. E, mais uma vez, voltou à carga:
- Mas a senhora deseja ser candidata?
- Essa resposta você não tira de mim nem amarrada - respondeu, encerrando o assunto.
Ao contrário de seu estilo habitual, de passar lentamente uma apresentação com imagens no computador sobre as realizações do PAC, ontem Dilma parecia mais apressada e, mais de uma vez, insistiu com o técnico que mostrava as páginas aos jornalistas e ministros que acelerasse a tarefa:
- Mais rápido - mandava.
Pesquisa do Instituto Sensus, encomendada pela Confederação Nacional de Transportes (CNT), mostrou ontem que Dilma subiu três pontos percentuais nas intenções de voto - passou de 10,4% em dezembro para 13,5% em janeiro. O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), lidera a lista, com 42,8%. (Chico de Gois)