Título: Recessão não serve para o Brasil', diz Mantega
Autor: Beck, Martha; Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 05/02/2009, Economia, p. 19

Ministro afirma que investimentos serão retomados. Para Lula, quem gosta de crise é economista.

BRASÍLIA. Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitir que a economia pode registrar uma retração no primeiro trimestre de 2009, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, assegurou ontem que não há risco de recessão. Mesmo diante da forte queda na atividade industrial, ele disse que a economia brasileira vai crescer em 2009.

- Recessão é uma palavra que serve para os Estados Unidos, a União Europeia, o Japão. Mas não para o Brasil. Nós vamos terminar o ano de 2008 com crescimento em torno de 5% - afirmou Mantega, acrescentando - No segundo semestre, vamos acelerar de modo a terminar 2009 com taxas positivas de crescimento.

Ele destacou que a meta de crescimento de 4% para 2009 deve ser perseguida. No entanto, admitiu, não se trata de um número "fatídico".

Ao comentar a queda de 19,8% na produção industrial do último trimestre de 2008, Mantega afirmou que esse número não deve impressionar, pois está apenas refletindo o primeiro impacto da crise. Ele explicou que as indústrias decidiram desovar estoques para ganhar capital de giro, mas devem voltar a produzir no início deste ano.

- Não se impressionem com os números de dezembro porque eles refletem a crise. Em janeiro, teremos uma retomada dos investimentos - afirmou Mantega.

Já o presidente Lula admitiu ontem, em discurso na posse da nova diretoria do Sebrae, que o país poderá ter problemas com a balança comercial, uma vez que os Estados Unidos e a Europa, por exemplo, estão comprando menos. No entanto, Lula afirmou que não perde o otimismo e que o Brasil está preparado para enfrentar a crise, porque "fez a lição de casa". E brincou:

- Com todo respeito que tenho, quem gosta de crise é economista. Sem crise, os comentários ficam sem razão de ser - declarou.

O presidente voltou a dizer que o Brasil não precisa de conselhos dos países desenvolvidos.

- Nós temos o que ensinar e não o que aprender do chamado mundo desenvolvido.