Título: DEM agora propõe renúncia de corregedor
Autor: Menezes, Maiá; Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 06/02/2009, O País, p. 3
Para constranger deputado, partido analisará caso em sua comissão de ética.
BRASÍLIA. O DEM reagiu de forma dura às declarações de seu filiado e novo corregedor-geral da Câmara, Edmar Moreira (MG), que colocou a amizade entre os parlamentares acima de julgamentos por quebra de decoro, e defendeu sua renúncia ao cargo. Como não pode retirá-lo da função, para a qual foi eleito pelos colegas, o DEM recomendou, em nota, que Edmar deixe a vice-presidência da Câmara.
Também pesaram na decisão do presidente do partido, Rodrigo Maia, as acusações de que Edmar sonegou à Justiça Eleitoral dados sobre seu patrimônio, além do processo que responde no Supremo Tribunal Federal por apropriação indébita de recursos.
O DEM também analisará o caso do deputado na sua comissão de ética. Pretende assim pressionar e constranger o deputado. Já o novo líder do PT na Câmara, Vaccarezza (SP), defendeu o corregedor.
Em sua nota, o DEM afirma que "repele e considera incompatível com o rigor ético do partido as declarações de Edmar Moreira. É inaceitável colocar-se a solidariedade fraterna entre colega acima do compromisso essencial da moralidade parlamentar". Para o DEM, qualquer decisão, mesmo correta, tomada por Edmar como corregedor estará "eivada de suspeição". E conclui: "O conjunto dos fatos expostos recomenda, como solução adequada, sua imediata renúncia à segunda vice-presidência da Câmara".
Edmar Moreira disputou cargo sem o apoio do DEM
Edmar disputou o cargo sem o apoio de seu partido, que optou pelo nome de Vic Pires Franco (DEM-PA). Como candidato avulso, teve o apoio de parte da base do governo, incluindo o PT.
Quando integrava o Conselho de Ética, no escândalo do mensalão, Edmar absolveu nove acusados, sendo cinco petistas. Vic Pires lamentou as declarações do seu oponente e atribuiu a vitória de Edmar a uma retribuição dos petistas:
- Diria que ele foi o absolvente-geral dos mensaleiros.
Confirmando a aliança com Edmar, Vaccarezza disse que é preciso "ir devagar" e separar fatos de denúncias contra o corregedor. O petista disse não "achar desprezível" a tese de que a Justiça, e não a Câmara, julgue os deputados. E ainda defendeu Edmar na polêmica do castelo. Segundo o petista, o valor do imóvel no Imposto de Renda nunca é atualizado, a não ser na hora da venda: - Isso é o que se faz sempre.
COLABOROU Cristiane Jungblut