Título: Ambientalistas contestam agropecuária na Amazônia
Autor:
Fonte: O Globo, 07/02/2009, O País, p. 8

Minc defende que redução da reserva está prevista em lei.

RIO e BRASÍLIA. A decisão do governo de aprovar a flexibilização da área de reflorestamento de reserva legal em algumas regiões da Amazônia no entorno da BR-163 (Santarém-Cuiabá) e da BR- 230 (Transamazônica) fez acender a luz amarela dos ambientalistas. Para o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a medida vai na contramão do que o próprio Executivo sinalizou quando, em 2006, previu a criação de um distrito florestal para proteger a região do desmatamento.

- O governo tem tido muita dificuldade em colocar essa região na legalidade. O distrito florestal foi criado e não decolou. Novas Unidades de Conservação têm sido desmatadas, e o plano de asfaltamento sustentável também não foi executado - afirma Adalberto Veríssimo, pesquisador do Imazon.

- Não sou contra a redução de reserva legal onde haja produção intensa demonstrada no zoneamento, como prevê o Código Florestal. O problema é que essa área da BR-163 não é de aptidão agrícola em larga escala. Quem disse isso foi o próprio governo - completou.

A Confederação da Agricultura (CNA) defende que todos os que já desmataram na Amazônia sejam regularizados e obrigados a recompor apenas 50% da reserva. Para a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (DEM-TO), o Ibama tem que reforçar a fiscalização para que não ocorram novos desmatamentos. Segundo ela, são os madeireiros que exploram madeira ilegal, e não os agropecuaristas, os grandes vilões da Amazônia:

- Quanto é que vai ganhar um produtor rural por estar preservando a biodiversidade? Ele está reservando um pedaço da natureza para a humanidade, está preservando para todo mundo e vai pagar sozinho?

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, voltou ontem a dizer que a redução da recomposição da reserva legal de 80% para 50% da propriedade tem amparo no Código Florestal e que o Zoneamento Ecológico-Econômico da BR-163 foi aprovado pelo governo do Pará, com apoio dos ambientalistas.

No Rio, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, condenou a criminalização do desmatamento da Amazônia:

- Tratar esse assunto sob a perspectiva da criminalização é um equívoco. Não é agenda brasileira o desmatamento da Amazônia, que é desmatar e explorar com pecuária, e também não é a agenda preservar a Amazônia para ser um grande jardim para deleite estrangeiro.