Título: Transpetro: Usiminas tem monopólio
Autor: Bôas, Bruno Villas; Nobrega, Camila
Fonte: O Globo, 07/02/2009, Economia, p. 23

Estatal não aceita pagar caro pelo aço nacional. Siderúrgica quer proteção

A Transpetro, subsidiária da Petrobras na área de transportes, e a Usiminas estão travando uma queda-de-braço em relação aos preços do aço. O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, acusou ontem a Usiminas de deter o monopólio da produção das chapas grossas, necessárias para a construção dos navios petroleiros encomendados pela estatal junto a estaleiros brasileiros. Por considerar os preços apresentados pela Usiminas muito elevados, a Transpetro vai importar as 24 mil toneladas de aço da China.

A Usiminas não quis dar entrevista e publicou ontem uma nota nos jornais com sua versão sobre o caso. A empresa alega que está havendo uma prática desleal de comércio internacional que prejudicará as indústrias nacionais.

- A Usiminas, junto com sua coligada Cosipa, detém o monopólio privado do aço naval no Brasil. Mas eu não vou aceitar essa imposição de preços. O aço representa 30% do custo de um petroleiro, e isso poderia comprometer o surgimento da indústria naval brasileira que ainda é um bebê - afirmou Machado.

Na licitação internacional feita pela Transpetro para a compra de 24 mil toneladas de aço, das 11 empresas participantes, os preços da Usiminas foram os mais elevados, segundo a Transpetro. O valor é 60% superior ao menor valor apresentado.

Não foi prática desleal de comércio, diz Transpetro

Machado disse não concordar com os argumentos da Usiminas de prática desleal do comércio pela China, porque houve 11 países na disputa, incluindo a Macedônia.

O presidente da Transpetro disse não aceitar o argumento do conteúdo nacional na construção dos petroleiros.

- Não podemos usar o conteúdo nacional para esconder incompetência.Vamos importar sempre que for competitivo. Não vou me curvar ao monopólio privado - disse.

Em sua nota, a Usiminas volta a pedir a adoção urgente no país de salvaguardas contra práticas desleais de comércio. Ela sugere adoção temporária de preço mínimo para importação de produtos siderúrgicos.

A Transpetro já comprou 18 mil toneladas de aço da Ucrânia, 7 mil toneladas da China e 12 mil da Usiminas. A demanda total de aço é de 680 mil toneladas para 49 navios.