Título: Mais sete cidades na lista da devastação
Autor: Rocha, Leonel
Fonte: Correio Braziliense, 25/03/2009, Brasil, p. 11

Apesar das medidas punitivas adotadas há 14 meses, como restrição ao crédito, recadastramento fundiário e intensificação da fiscalização, o governo não conseguiu acabar com o foco das queimadas na Amazônia. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, confirmou ontem a inclusão de sete novos municípios na lista de cidades onde mais se desmata na Região Norte, ampliando esse grupo de 37 para 43 localidades. As localidades foram apontadas pelo Instituto Nacional do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como responsáveis por 55% de todas as derrubadas nos nove estados que compõem o bioma amazônico.

As maiores queimadas ocorreram em Marabá (338km²), Pacajá (261km²) e Itupiranga (227km²), todos no Pará. Ao todo, no ano passado, foram destruídos 1.826 km² de florestas nas três cidades. Elas não faziam parte da lista original da chamada Operação Arco de Fogo, elaborada em janeiro do ano passado pela então ministra Marina Silva. A partir de agora, sofrerão as mesmas restrições que as antigas desmatadoras: suspensão do crédito rural, obrigatoriedade de recadastramento de todas as propriedades junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e suspensão das autorizações oficiais para derrubadas legais, além de serem alvo de operações de fiscalização específicas.

A surpresa do levantamento dos maiores devastadores da Amazônia foi a inclusão do município de Mucajaí, em Roraima, região até o ano passado considerada uma das mais preservadas do Norte. Segundo Minc, a cidade passou a fazer parte do grupo em razão da implantação de um assentamento de reforma agrária na zona rural, provocando a derrubada de florestas para a produção agrícola inicial. ¿No último ano, as medidas adotadas foram boas, mas insuficientes. Está péssimo¿, admitiu Minc.

Também passaram a fazer parte da lista do desmatamento a cidade paraense de Tailândia, onde o governo realizou uma megaoperação no ano passado para acabar com as serrarias ilegais, e Amarante do Maranhão, município próximo à Imperatriz que, segundo Minc, é ponto de derrubadas ilegais destinadas à produção de carvão encomendado pelas siderúrgicas que produzem ferro gusa. ¿O que segurou o desmatamento na Amazônia foram as unidades de conservação e terras indígenas. Se não fosse isso, a coisa estaria muito pior¿, comentou o ministro. Em 24 das 36 cidades da lista original houve queda no índice de desmatamento.

Mau exemplo

Confira abaixo os sete municípios incluídos na lista dos que mais desmatam a Amazônia. Eles se juntam a outras 36 cidades, relacionadas desde o ano passado

Município Marabá (PA) Pacajá (PA) Itupiranga (PA) Mucajaí (RR) Feliz Natal (MT) Tailândia (PA) Amarante do Maranhão (MA)

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