Título: Seguro extra para 103 mil
Autor: Flores, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 25/03/2009, Economia, p. 13

O governo divulgou ontem o número de brasileiros que serão beneficiados com o pagamento de duas parcelas extras do seguro-desemprego como forma de aliviar os efeitos da crise global. Em todo o país, 103.707 pessoas que foram demitidas sem justa causa em dezembro do ano passado terão direito ao prolongamento do benefício. Nenhum trabalhador do Distrito Federal entra na lista. Os contemplados representam 16% dos 654 mil trabalhadores que perderam o emprego naquele mês, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). De acordo com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para chegar ao número de beneficiados foram considerados os setores e as unidades da federação onde a geração de emprego entre dezembro e fevereiro ficou 30% menor que a média do mesmo período dos últimos anos a partir de 2003. Ao todo, demitidos de 42 subsetores de 16 estados diferentes contarão com o benefício (veja quadro).

O pagamento será automático e começa em abril. Os trabalhadores receberão duas mensalidades extras em valores que variam de R$ 465 a R$ 870. Quem normalmente tem direito a três parcelas ¿ profissionais que tenham ficado entre seis e 11 meses empregados ¿ passará a receber cinco. Os que receberiam quatro salários ¿ trabalharam de um ano a 23 meses no emprego ¿ terão direito a seis. E os que iriam receber cinco prestações ¿ ficaram de 24 a 36 meses no posto ¿ terão direito a sete. A medida precisa ser aprovada pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), que se reunirá na próxima segunda-feira. A concessão será feita com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o custo estimado é de R$ 126 milhões.

Os estados de Minas Gerais e São Paulo foram os que mais demitiram. Os cortes foram disseminados por diferentes segmentos nos dois estados. Em todas as unidades da federação, a indústria metalúrgica foi a que mais dispensou em dezembro ¿ 13,4 mil. Em seguida aparece a indústria têxtil ¿ 12,4 mil ¿, e a indústria mecânica, com 10,8 mil demitidos e inclui o setor automotivo. A Força Sindical criticou a limitação do número de parcelas. ¿É preciso sensibilidade e estender esse amparo social. Deve-se levar em consideração que o tempo de recolocação do trabalhador no mercado, que hoje é nove meses, segundo dados do Dieese, deve aumentar devido ao fechamento de milhares de postos de trabalho e incertezas econômicas que atingem diversos setores de forma nefasta¿, disse a entidade, em nota.

De acordo com o ministro, o corte foi feito contemplando apenas dezembro porque, em janeiro, apesar do saldo entre desligamentos e admissões ter sido negativo, houve uma recuperação. E em fevereiro, os números foram positivos. Segundo Lupi, o pagamento de parcelas adicionais só poderá se repetir se houver uma nova onda de demissões acima da média. ¿A tendência do mercado de emprego é que seja registrado crescimento nos próximos meses. A minha avaliação é que os números serão positivos¿. Os trabalhadores demitidos pela Embraer não serão contemplados, mas Lupi não descarta que sejam beneficiados por alguma medida específica.