Título: GDF anuncia corte de R$ 1,8 bilhão em obras
Autor: Navarro, Luciana
Fonte: Correio Braziliense, 25/03/2009, Economia, p. 14

Governo do Distrito Federal decide suspender a execução de 15 projetos, como forma de compensar a perda de receitas com a crise

A crise internacional atingiu o Distrito Federal com mais força. Ontem foi a vez de a equipe econômica do governo local cortar despesas. No total, serão eliminados ou adiados ¿ como preferiu dizer o secretário de Planejamento, Ricardo Penna ¿ R$ 1,884 bilhão em gastos com investimentos e custeio. A mudança nos planos vai atrasar o início de obras previstas para este ano (veja quadro). Além disso, serviu para confirmar a suspensão de reajustes aos servidores e de autorização para posse de aprovados em concursos públicos.

Apesar do corte federal nas contas do DF somar R$ 520 milhões, o GDF prevê que sua receita própria deve cair R$ 500 milhões, informou o secretário de Fazenda, Valdivino Oliveira. Essa estimativa mostra que a crise chegou de fato ao DF, unidade da federação que ainda não havia sentido fortemente os efeitos do novo cenário econômico mundial.

A exemplo do governo federal, o GDF resolveu evitar cortes nos programas sociais. Com um orçamento total previsto de R$ 20 bilhões, a equipe econômica teve de rever a situação financeira diante do arrocho anunciado pelo Ministério do Planejamento na semana passada. Desse total, R$ 7,8 bilhões correspondem ao Fundo Constitucional do DF, dinheiro que pode ser aplicado apenas em Educação, Saúde e Segurança. Como o governo federal cortou R$ 240 milhões do fundo, os planos do DF para essa verba foram prejudicados. Somado a isso, foi anunciado o contingenciamento de R$ 280 milhões de emendas parlamentares que deveriam ser usadas principalmente para investimentos.

Servidores No começo do ano, o GDF havia anunciado um corte de 30% em despesas de custeio, incluindo a folha de pagamento. Ontem, Penna reiterou as ações para diminuir os gastos com servidores: ¿Os aumentos de despesas com pessoal estão suspensos até que a economia sopre ventos melhores.¿ Os concursos em andamentos seguem normalmente, mas as contratações serão interrompidas. ¿Só contrataremos em caso de extrema necessidade¿, afirmou Penna.

Diante desse quadro já apertado, como destacou Oliveira, o jeito foi passar a tesoura em investimentos ainda não iniciados para evitar que construções iniciadas fossem paralisadas. ¿Tínhamos poucas alternativas, temos 1.530 obras em andamento e não queríamos interrompê-las¿, explicou o secretário de Fazenda. Dos 15 investimentos adiados, dois ¿ o veículo leve sobre trilhos (VLT) e o veículo leve sobre pneus (VLP) ¿, dependem de recursos do exterior que, se forem liberados, permitirão o início dos projetos. ¿Não podemos perder recursos de fora e se conseguirmos os empréstimos para o VLT e o VLP vamos executar as obras, não podemos dispensar¿, disse Oliveira.

Enquanto o financiamento internacional não chega, cabe aos brasilienses esperar a situação econômica mundial melhorar para que os investimentos sejam retomados já que, segundo Penna, eles foram apenas suspensos. ¿A palavra não é cancelar e sim postergar¿, ressaltou Penna.