Título: Novo corregedor poderá investigar caso Edmar
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 12/02/2009, O País, p. 5

ACM Neto deverá pedir sindicância sobre deputado; Temer quer fazer devassa em todas as verbas indenizatórias

BRASÍLIA. Eleito ontem em votação maciça (404 votos sim e 67 brancos) novo corregedor e 2º vice-presidente da Câmara, o deputado ACM Neto (DEM-BA) substituiu Edmar Moreira (DEM-MG) no cargo. Provocado pelo PSOL, que enviou à corregedoria um memorial do caso Edmar, Neto deve abrir uma sindicância sobre o ex-corregedor para apurar o uso ilegal de verba indenizatória, apropriação indébita de recursos de FGTS e INSS de empregados de suas empresas, além de ocultação à Justiça Eleitoral de um castelo de R$25 milhões.

O democrata disputou sozinho, já que, meia hora antes, o deputado Carlos Manato (PDT-ES) foi pressionado por seu partido e retirou a candidatura. O primeiro compromisso de ACM Neto será hoje de manhã: uma reunião com a cúpula do PSOL.

- Vou manter a cautela para não dar nenhum passo em falso. A partir de qualquer provocação, da presidência (da Mesa) ou de parlamentar, vamos emitir opinião. Meu dever é receber e opinar depois que propuserem à corregedoria - disse ACM Neto, ao ser perguntado sobre o caso Edmar.

O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), determinou à Mesa a elaboração de um estudo para abrir a caixa-preta das prestações de contas sobre a verba indenizatória. A ideia é divulgar na internet as notas entregues pelos deputados para justificar os gastos mensais de R$15 mil. Mas o 1º secretário da Casa, Rafael Guerra (PSDB-MG), disse que ainda não está decidido como isso vai ocorrer.

Suspeita-se que haja uma indústria de notas frias na prestação de contas dos parlamentares da verba indenizatória. Mensalmente, são cerca de 17 mil notas. Há 1,5 milhão de notas arquivadas, sem fiscalização.

- Queremos transparência absoluta - disse Temer.

Sobre o caso Edmar, que nos últimos três meses destinou quase toda sua verba para gastos com segurança pessoal, Guerra disse que, se houver uma sindicância, o corregedor poderá requisitar as notas para saber se o dinheiro foi ou não desviado.

Guerra, porém, praticamente descartou que a medida seja retroativa, atingindo as notas já entregues.

- O caminho natural é divulgar na internet. Mas não deve ser retroativo - disse o parlamentar.