Título: Brasileira é atacada por neonazistas na Suíça
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 12/02/2009, O País, p. 9

Grávida de três meses, advogada perde gêmeos após sofrer cortes de estilete; consulado cobra explicações

BRASÍLIA. A advogada brasileira Paula Oliveira, de 26 anos, grávida de três meses, foi imobilizada e torturada por um grupo de três skinheads neonazistas próximo a uma estação do metrô em Zurique, na Suíça, na última segunda-feira, e perdeu as duas gêmeas que estava esperando. Com a ponta de um estilete, os criminosos fizeram cortes na barriga dela e escreveram as letras SVP, iniciais do Schweizerische Volkspartei, o Partido Popular suíço. Fizeram cortes ainda no rosto, na perna e nas costas da advogada.

Paula teria sido atacada pelo simples fato de ser estrangeira. O Brasil cobrou rigorosa apuração da polícia suíça.

- Ela está em estado de choque. Foi um crime racial, de xenofobia, injustificável, ainda mais na Suíça, que sempre foi uma ilha de tolerância e convivência pacífica - desabafou Paulo Oliveira, pai de Paula.

Vitória Cleaver, chefe do consulado brasileiro em Zurique, deverá se reunir ainda hoje com autoridades policiais para pedir rigor e agilidade nas investigações. O primeiro contato com o policial que registrou o caso deixou a diplomata preocupada. O policial disse que, se quisesse maiores informações sobre o caso, ela deveria fazer um pedido por escrito ou procurar parentes da vítima.

- O pedido será levado a outras esferas, se não conseguirmos explicação mais clara sobre o tema - afirmou Vitória.

O crime aconteceu por volta das 19h de segunda-feira. Paula estava voltando para casa depois do trabalho e decidiu telefonar para a mãe, como sempre faz. De repente, surgiram três rapazes brancos carecas, vestidos de preto, um deles com a suástica tatuada na cabeça, e a atacaram. Ela foi imobilizada e levada para uma área deserta para ser torturada.

Um dos criminosos perguntou se ela estava grávida. Com receio de que tentassem matar as crianças, ela negou. Enquanto dois rapazes a seguravam por trás, o terceiro, com estilete em punho, fez seguidos cortes na barriga, nas pernas, nos braços e nas costas. Alguns dos cortes formam a sigla SVP, um dos partidos da base governista. A sessão de tortura teria demorado entre cinco e dez minutos.