Título: FGV: indústria de SP dá sinal de reação
Autor: Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 12/02/2009, Economia, p. 23

Indicador mostra alta de 5,7% em janeiro, mas taxa em 12 meses recua.

SÃO PAULO. A reposição de estoques e o estímulo do governo ao setor automotivo ajudaram a elevar a produção da indústria paulista em janeiro, depois de três meses de queda, mas ainda parecem insuficientes para mudar a trajetória de desaceleração do setor. Este é o resultado do novo Sinalizador da Produção Industrial (SPI), indicador antecedente pesquisado pela FGV que antecipa em um mês os dados oficiais divulgados pelo IBGE.

Pelo SPI, a produção da indústria paulista cresceu 5,7% em janeiro na comparação com dezembro, considerando os dados com ajuste sazonal. Mas a taxa acumulada nos últimos 12 meses, que estava em 5,3% até dezembro, desabou para 3,1% em janeiro.

- Quedas como estas, superiores a dois pontos percentuais, só têm comparação com as crises asiática e da Rússia, em 1997 e 1998 - disse o economista Paulo Picchetti, coordenador da pesquisa.

Segundo Picchetti, a tendência ainda é de forte desaceleração da indústria nos próximos meses, situação que só deve mudar a partir do início do segundo semestre. O SPI tem como principal base de cálculo a carga total de energia elétrica distribuída pela Eletropaulo.

Fluxo de veículos caiu em janeiro nas rodovias do país

Outro indicador antecedente divulgado ontem foi o índice ABCR, da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias. Ele mede o fluxo de veículos (particulares e de carga) em rodovias com pedágio no país. Houve queda de 2,4% em janeiro sobre dezembro e de 0,2% contra janeiro de 2007. A abertura desse dado mostra retração de 1,5% do movimento de veículos leves, o que pode indicar pela primeira vez desde o início da crise a desaceleração do mercado de trabalho.

- A reação do mercado de trabalho é mais lenta, pois demitir custa caro e o empregador precisa de tempo para decidir. A perspectiva é de aumento do desemprego, e o movimento de veículos seguirá esse comportamento - disse Cláudia Oshiro, economista da consultoria Tendências, responsável pela apuração do índice ABCR.