Título: Governo amplia duração de seguro-desemprego
Autor: Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 12/02/2009, Economia, p. 23
Benefício poderá ser sacado em até sete parcelas. Medida vale para setores mais afetados por demissões na crise.
BRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO. Trabalhadores dos setores com mais demissões nos últimos meses devido à crise poderão sacar o benefício do seguro-desemprego durante sete meses. Hoje o teto é de cinco parcelas. A medida foi autorizada ontem pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat). Análise do Ministério do Trabalho mostra anormalidade no comportamento das dispensas em 16 setores em 12 estados. Entre eles, siderurgia, mineração, exportação de frutas, calçados e couros. Mas os ramos de atividade a serem contemplados ainda serão anunciados.
- Não podemos fazer aleatoriamente, pois podem ocorrer solicitações indevidas. Setores como construção e serviços, já estão invertendo a situação - disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
A ampliação do seguro-desemprego em duas parcelas era um pedido das centrais sindicais. Para chegar aos setores contemplados, o ministério começou a analisar os cortes a partir de 1º de dezembro, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em março, a lista será fechada, e a extensão do benefício passa a vigorar em abril. O seu valor mínimo é de R$465 e o máximo, R$870,01.
Carros: se garantir emprego, revenda terá R$200 milhões
Segundo o secretário-executivo do Codefat, Rodolfo Toreli, poderá ser usado até R$1,1 bilhão na ampliação do pagamento do seguro-desemprego. Também foi aprovada pelo Conselho uma autorização para que, se a crise "explodir" no mercado de trabalho, Lupi possa pedir ao Planalto a edição de uma medida provisória ampliando as parcelas do benefício para até dez.
Lupi disse não acreditar que isso ocorrerá, pois os números preliminares do Caged de janeiro indicam recuperação do emprego em estados como Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Mas em São Paulo, Rio e Belo Horizonte, eles continuam negativos, embora "infinitamente melhores" que em dezembro.
- Minha previsão de meses difíceis em janeiro e fevereiro e março com resultado positivo começa a se confirmar - disse.
Em nota, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, comemorou a decisão do governo. "Esta medida trará benefícios e alívio para os trabalhadores dos setores de siderurgia e mineração", disse. A CUT, procurada, não comentou.
CUT faz protestos contra demissões em 8 capitais
O Codefat também aprovou um financiamento, no valor de R$200 milhões, para capital de giro das revendedoras de carros usados. Em contrapartida, as empresas terão que garantir os empregos de seus funcionários. Além disso, foi aprovada a Bolsa Qualificação Profissional, pagamento feito ao trabalhador quando seu contrato é suspenso, mas ele não é demitido.
Uma manifestação em frente à fábrica da Volkswagen de São Bernardo do Campo (SP) reuniu três mil metalúrgicos ontem, marcando uma série de protestos da CUT contra as demissões. Batizado de "Dia Nacional de Luta pelo Emprego e Salário", o movimento teve atos em oito capitais do país. Houve manifestação em frente à sede da Vale, no Rio, e uma marcha ao Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, em Porto Alegre.
COLABORARAM Ronaldo D"Ercole e Ramona Ordoñez