Título: Não tenho nada a esconder
Autor: Suwwan, Leila; Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 22/02/2009, O País, p. 3

Com crescimento de 207% e o maior patrimônio declarado em 2006, o deputado Giovanni Queiroz argumenta que um empréstimo para um investimento em reflorestamento da madeira asiática Teca, em suas terras, valorizou seu patrimônio:

- Fiz um financiamento de R$3 milhões no Banco da Amazônia, tenho nove anos de carência e outros sete para pagar. É para o reflorestamento de Teca, uma madeira nobre. Esse é o motivo da valorização dessa fazenda, que tenho desde 1972. O rebanho, eu até reduzi. Minhas contas, podem abrir amanhã, não tenho nada a esconder.

A comparação entre as declarações de bens do parlamentar mostra que tanto o valor como a identificação da fazenda mudaram. Em 1998 era listada a Mognoporã, de 1,8 mil hectares, em Rio Maria. Em 2006, ela é listada como Fazenda Agropecuária Pau D"Arco. Sua outra fazenda, com 4,3 mil hectares, fica em Conceição do Araguaia (PA), perto da divisa com Tocantins, e se manteve com valor estável: passou de R$1,25 milhões para R$1,3 milhões em nove anos.

A assessoria de José Sarney informou que sua renda é proveniente de direitos autorais e livros publicados no Brasil e no exterior. Acrescentou que os bens financeiros se referem ao ganho de capital com a venda da Fazenda Pericumã.

A assessoria do presidente da Câmara, Michel Temer, que teve queda de patrimônio informou que ele não comentaria detalhes de sua declaração de bens porque envolvem sua separação e sua vida pessoal.

Outro que teve queda no valor dos bens, o deputado Nelson Marquezelli explicou, por sua assessoria, que os sem-terra invadiram quatro mil hectares de sua fazenda, em Minas. E o Incra teria desapropriado as terras.

Com uma variação patrimonial de 40%, em seis anos, o deputado José Rafael Guerra (PSDB-MG) argumenta que houve uma alteração no valor de um de seus imóveis, por causa de uma obra - de R$90,2 mil para R$199 mil. Eleito em 1998, ele diz que ser deputado não compensa financeiramente.

O deputado ACM Neto, que registra em sua declaração, em 2006, um apartamento de R$454.216, que não aparecia em 2002, afirma que vive de atividade política e diz não temer investigação sobre sua vida:

- Não temo uma devassa em minha vida. Se temesse, não poderia aceitar o cargo de corregedor da Câmara. Minha atividade é política e ponto. Não sou empresário - afirmou à época.

O deputado Inocêncio Oliveira disse que todo seu patrimônio é declarado, porque como homem público tem que zelar pelo nome. Afirmou que, entre 2002 e 2006, comprou dois apartamentos a prazo e obteve bom lucro na venda de duas fazendas. Acrescentou que é representante da TV que retransmite a Rede Globo em Pernambuco, possui três rádios, quatro revendas de motos Honda e dois hospitais.

- Tive um bom lucro, mas poderia ser melhor. Mas, diferentemente de outros, pago imposto sobre tudo.

O deputado Ilderlei Souza (DEM-AC), cujo patrimônio variou 206% em dois anos, sustenta que seus bens continuam os mesmos. Já a avaliação mudou:

- Eu valorizo todo ano meu patrimônio.

A assessoria do senador Heráclito Fortes afirma que os investimentos ajudam a explicar o aumento de seu patrimônio.