Título: PF indicia dois conselheiros do TCE-RJ
Autor: Carvalho, Jailton de
Fonte: O Globo, 13/02/2009, O País, p. 4
José Nader e José Graciosa são acusados de facilitar fraudes de prefeitos.
BRASÍLIA. A Polícia Federal indiciou os conselheiros do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro José Nader e José Graciosa. Nader está sendo acusado de peculato (corrupção cometida por servidor público), advocacia administrativa e formação de quadrilha. Nader e Graciosa são dois dos três conselheiros do tribunal que estão sendo investigados pela Operação Pasárgada por suposto envolvimento com fraudes cometidas por prefeitos municipais. O deputado estadual José Nader Júnior (DEM), filho do conselheiro, também foi indiciado.
Os três foram interrogados no Rio pelo delegado Mário Alexandre ontem e na quarta-feira. A polícia ainda está investigando se há envolvimento do conselheiro Jonas Lopes com o suposto esquema de aprovação de contas irregulares de prefeituras. Nader foi ouvido no gabinete da presidência do Tribunal de Contas. O deputado prestou depoimento na Assembleia Legislativa. Graciosa foi interrogado no escritório de um de seus advogados. Lopes se recusou a depor ontem, como estava previsto. Para Nader Júnior, tudo não passa de uma represália da polícia às críticas que tem feito ao governador Sérgio Cabral.
- Tenho feito discursos contra a corrupção no governo Sérgio Cabral. Isso tudo é uma orquestração de forças ocultas. Ele (o governador) sabe que, sem a minha oposição, a vida dele voltaria ao normal.
O deputado não explicou, no entanto, qual seria a relação de Cabral com a PF que pudesse influenciar na investigação. A polícia passou a investigar Nader, pai e filho, e os conselheiros Graciosa e Jonas Lopes depois de apreender documentos na sede da SIM, empresa de consultoria acusada de intermediar fraudes entre prefeitos e integrantes dos tribunais de Conta do Rio de Janeiro e de Minas Gerais.
Entre os papéis, está uma carta em que o ex-secretário de Planejamento de Carapebus e funcionário da Assembleia Legislativa Álvaro Lopes fala dos valores da propina que a SIM deveria distribuir a conselheiros.
As acusações contra os Nader, pai e filho, teriam sido reforçadas ainda pelo advogado Marcelo Abdalla, um dos acusados de envolvimento com as fraudes. Pelas investigações, a SIM teria repassado parte dos valores mencionados por Álvaro Lopes ao conselheiro Nader por intermédio do filho.
No depoimento ao delegado Mário Alexandre, o deputado disse que conhece Lopes e Sinval Drummond, dono da SIM. Mas negou que tenha recebido propina. Para ele, as acusações são fantasiosas.
Procurados pelo GLOBO, José Leite Nader, José Graciosa e Jonas Lopes não retornaram as ligações.