Título: Governo nega atividade eleitoral antecipada
Autor: Vasconcelos, Adriana; Lima Maria
Fonte: O Globo, 13/02/2009, O País, p. 5

Líder do DEM pede a TCU que apure gasto com encontro

BRASÍLIA. O ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, um dos organizadores do encontro de prefeitos, chamou de injusta a iniciativa da oposição e disse que os eventos fazem parte da atividade do governo:

- Isso que a oposição tenta fazer é uma injustiça. Não há qualquer atividade de campanha com quase dois anos de antecedência da eleição. Reunir prefeitos em Brasília não é novidade. Dilma participou como todos os ministros. Faz parte de uma atividade de governo.

Em outra frente, o líder da bancada DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), vai solicitar ao Tribunal de Contas da União (TCU) que apure o gasto de R$253 mil do governo na organização do encontro e o uso do evento como palanque para Dilma. A representação entregue por Caiado ao presidente do TCU, Ubiratan Aguiar, pede uma auditoria e inspeções para aferir a legalidade, legitimidade e econimicidade das despesas.

O documento redigido pelo DEM relaciona atos, discursos, a foto de Lula e Dilma com prefeitos que pode ser usada como santinho de campanha - vendidas por fotógrafos do lado de fora do evento - para caracterizar a campanha antecipada.

- A Constituição veda o uso de recursos públicos para autopromoção ou vedetismo de governantes. O que vimos foi vedetismo descarado e escancarado da ministra-candidata Dilma. Toda essa mobilização e ações para ajudar os prefeitos vai ter ganho político imediato e deixar uma dívida eterna para seus sucessores - disse Caiado.

"É uma demonstração de desespero", diz Berzoini

Segundo Caiado, não seria necessário Lula levar prefeitos a Brasília para anunciar medidas:

- Não foi coincidência o encontro dos prefeitos com o aniversário do PT. Foi tudo muito bem pensado e programado para a participação de Dilma na festa de aniversário, e o lançamento de sua campanha em um grande comício com 3.500 prefeitos. Se é para passar a régua em todas as normas eleitorais, então que o TSE nos autorize também a sair em campanha.

Para o presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), a ação do DEM e do PSDB é descabida:

- É uma demonstração de desespero. Estão confundindo atividades administrativas com campanha, criando uma falsa luta judicial para encobrir a falta de discurso e projeto da oposição.

- É até natural que a oposição esteja preocupada com o crescimento de Dilma nas pesquisas. Até então, a ministra tinha uma posição mais técnica. Mas todo ministro é um agente político, e Dilma tem assumido cada vez mais esse papel. Mas, em todos esses eventos, ela fala como autoridade do governo - defendeu o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN).

O líder do PT, deputado Cândido Vaccarezza (SP), diz que a oposição está com medo do potencial político da petista.

- Só quero pedir que PSDB e DEM façam oposição ao presidente Lula, mas jamais ao Brasil. Pelo jeito, eles estão com medo de Dilma. Mas a campanha só será em 2010.