Título: Para a polícia suíça, circunstâncias do ataque ainda não estão claras'
Autor: Oliveira, Eliane; Martin, Isabela
Fonte: O Globo, 13/02/2009, O País, p. 12

Porta-voz da corporação diz que ferimentos de Paula "são superficiais"

PARIS. A polícia de Zurique lançou ontem um apelo por testemunhas no caso da advogada pernambucana Paula Oliveira, de 26 anos, torturada por três neonazistas de segunda-feira em Dubendorf, perto de Zurique. A polícia foi lacônica no comunicado oficial: não menciona a hipótese de um ataque racista e alega que as circunstâncias da agressão "não estão claras".

"As circunstâncias que levaram aos ferimentos são vagas. A polícia de Zurique investiga e procura testemunhas", diz o comunicado. A porta-voz da polícia, Brigit Vogt, insistiu que os cortes na barriga e nas pernas de Paula não são graves:

- São cortes superficiais e não está completamente claro o que levou a esses ferimentos. Ainda estamos tentando descobrir o que aconteceu - disse.

A brasileira, atendida no hospital de Zurique, foi liberada, mas voltou ontem para o hospital. Ela estaria com problemas para urinar; os cortes no corpo foram mais amplos do que divulgados inicialmente: além das pernas e barriga, ela teria sofrido cortes na área da vagina, nádegas e peito.

Cônsul procura polícia, mas não consegue detalhes

A polícia informou que foi alertada por um telefonema de um homem pouco após 19h30m de segunda-feira, pedindo ajuda para uma mulher. A corporação confirma que encontrou a brasileira com "letras entalhadas" no corpo, mas não menciona no comunicado que eram as letras do Partido do Povo Suíço, de extrema direita.

O comunicado da polícia limita-se a descrever os fatos: "Quando eles (os policiais) chegaram ao local, encontraram a brasileira com cortes superficiais no corpo. Dentre outros, era possível reconhecer letras entalhadas. A mulher declarou ter sido atacada pouco antes na estação de trem por três homens que a chutaram várias vezes e a feriram com uma faca".

A cônsul do Brasil em Zurique, Vitória Cleaver, disse ontem que falou com três responsáveis da polícia, que não deram detalhes. Os jornais suíços basicamente reproduziram o que a imprensa brasileira divulgou. Paula trabalha na multinacional Maersk e vive legalmente no país. O crime teria ocorrido quando voltava do trabalho.