Título: Zona do euro recua 1,5% e entra em recessão
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Fonte: O Globo, 14/02/2009, Economia, p. 29

Aumenta pressão por corte de juros do BCE. Para Goldman Sachs, retração na Europa é pior que nos EUA

LONDRES, BRUXELAS, ROMA, NOVA YORK e RIO. A economia da Europa registrou no quarto trimestre sua maior retração em 13 anos, aumentando a pressão para que o Banco Central Europeu (BCE) reduza seus juros, hoje em 2% ao ano, para seu menor patamar histórico mês que vem. O Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos) da zona do euro caiu 1,5% em relação ao trimestre anterior, acima das estimativas, de -1,3%, e a maior retração desde o início da série histórica, em 1995. No trimestre anterior, houve recuo de 0,2%, formando a definição clássica de recessão. Frente ao quarto trimestre de 2007, a queda foi de 1,2%.

- Agora é oficial: a economia da zona do euro está na mais profunda recessão desde o fim da Segunda Guerra Mundial - afirmou Christoph Weil, economista do Commerzbank, referindo-se ao bloco formalmente criado em 1999.

Kenneth Wattret, economista sênior do banco BNP Paribas, espera mais três trimestres de retração na zona do euro.

A economia dos 27 países que formam a União Europeia (UE) também recuou 1,5% no quarto trimestre. Em 2008, o bloco cresceu 0,9%. José Manuel Gonzalez-Paramo, diretor do BCE, disse que a zona do euro terá uma recuperação em forma de "U", com queda de 2% do PIB este ano e avanço de 0,5% em 2010.

Para Jim O"Neill, economista-chefe do Goldman Sachs em Londres, a retração na Europa "é pior que a dos EUA", que recuou 1% no quarto trimestre.

A retração da UE aumenta a pressão sobre os representantes europeus na reunião dos ministros de Finanças do G-7 (grupo dos sete países mais ricos), que começou ontem em Roma. O encontro marca a estreia internacional do secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, em meio à luta do governo Barack Obama contra a crise. Outro tema é o retorno de medidas protecionistas.

- A luta contra o protecionismo nunca foi mais necessária - disse o britânico Alistair Darling.

Bolsa de SP avança 2,9% e dólar cai 1,05%, a R$2,264

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou ontem em alta de 2,90%, para 41.673 pontos, com a compra de ações de empresas ainda consideradas baratas, principalmente de estrangeiros. O dólar acompanhou a tendência e caiu 1,05%, para R$2,264. O bom humor começou com a expectativa de aprovação do pacote do governo americano pela Câmara, que reduziu as perdas na véspera em Nova York - o que não ocorreu na Bovespa por causa do fuso horário.

Além disso, a expectativa de um novo pacote na China impulsionou os mercados asiáticos. Xangai subiu 3,23% e Hong Kong, 2,47%. Em Nova York, o Dow Jones recuou 1,04%, devido a preocupações com o socorro ao setor financeiro. Nasdaq e S&P caíram 0,48% e 1%, respectivamente. (Com Bloomberg News, Felipe Frisch e agências internacionais)