Título: Quem cometeu ilegalidade que pague
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 15/02/2009, O País, p. 12

Deputado prevê muita pressão sobre corregedor com abertura de notas fiscais.

BRASÍLIA. Antes cobiçado pelos parlamentares, o cargo de corregedor da Câmara virou sinônimo de abacaxi por sua espinhosa atribuição de investigar e julgar colegas por quebra de decoro. Após o escândalo do mensalão, em 2005, poucos aceitam hoje essa incumbência.

Foi o receio de grande parte dos deputados em responder a processo no Conselho que elegeu corregedor, no dia 2, Edmar Moreira (sem partido-MG), um candidato avulso e sem apoio partidário, mas assumido defensor dos colegas. Edmar caiu depois de dizer que deputado não deveria julgar deputado - e depois das imagens de seu castelo no interior mineiro.

Após essa polêmica declaração, o então corregedor se viu na condição de provável futuro investigado por não ter declarado o castelo à Receita Federal, além de suspeitas sobre sua prestação de contas à Câmara, no uso da verba indenizatória.

O novo corregedor, Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA), que resistiu à missão, deve enfrentar novos tempos, se confirmada a promessa do presidente Michel Temer (PMDB-SP) de divulgar as notas fiscais com detalhamento dos gastos dos deputados com a verba - dados que podem revelar uso indevido do dinheiro público.

Ex-integrante do Conselho de Ética, Gustavo Fruet (PSDB-PR) prevê que a divulgação das notas vai desencadear a abertura de alguns processos na Casa. Ele defende que se tornem públicas também as despesas feitas no passado:

- Devemos abrir todas notas de uma vez e aguentar a pancada. A pressão vai ser muito forte e também a discussão sobre a qualidade do gasto. Quem cometeu ilegalidade que pague.