Título: Em vez da transparência, aumento
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 17/02/2009, O País, p. 4
Pressão por exposição de gastos incomoda parlamentares.
BRASÍLIA. Na véspera da reunião da Mesa da Câmara que decidirá sobre a divulgação ou não das notas fiscais apresentadas pelos parlamentares para prestar contas dos gastos extras nos estados, alguns líderes defenderam ontem propostas alternativas, entre elas a extinção da verba indenizatória e a adoção de um outro mecanismo de financiamento do mandato fora de Brasília. O líder do PSDB, José Aníbal (SP), disse que começou a discutir com a sua bancada o fim da verba em vez da divulgação das notas na Internet. Ele não defendeu explicitamente a incorporação dos R$15 mil ao subsídio, hoje de R$16.512,09. Mas disse que não dá para abrir mão simplesmente da verba:
- Se é incorporar (a verba) ou aumentar salário, não sei. Mesmo com a divulgação das notas, a Câmara continuaria numa exposição desnecessária e contínua. (Abrir mão) não dá.
Na reunião de hoje, o 1º secretário Rafael Guerra (PSDB-MG) entregará à Mesa o estudo encomendado pelo presidente Michel Temer (PMDB-SP) para dar transparência às prestações de contas, e acabar com a suspeita de uma indústria de notas frias. O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), disse que os parlamentares resolveriam a questão dos gastos extras se seus vencimentos fossem equiparados aos do Judiciário, onde o teto hoje é de R$24.500:
O líder do PSOL, Ivan Valente (SP), porém, defende a manutenção da verba, com a divulgação das notas e prestação de contas:
- Colocar a verba indenizatória dentro do salário sem prestar contas é pior ainda. A sociedade não aceitaria esse tipo de fórmula.
Temer encaminhou ontem à noite ao novo corregedor da Casa, ACM Neto (DEM-BA), a representação do PSOL contra o deputado Edmar Moreira (sem partido-MG). O mineiro renunciou ao cargo de corregedor e vice-presidente após uma série de denúncias, entre elas não ter declarado a propriedade de um castelo em Minas. Cabe a Neto analisar a representação e notificar Moreira. A partir do aviso, o ex-corregedor terá cinco dias para se defender. Não há prazo para o fim das investigações.