Título: Indicado para presidir Conselho de Ética absolveu quatro mensaleiros
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 17/02/2009, O País, p. 4

José Carlos Araújo, do PR baiano, diz que votou segundo as provas disponíveis.

BRASÍLIA. Cotado para assumir a presidência do Conselho de Ética da Câmara, o deputado José Carlos Araújo (PR-BA) tem um histórico de votação no colegiado, que integra há quatro anos, em defesa dos acusados de quebra de decoro parlamentar. Araújo votou contra a cassação de quatro colegas acusados de envolvimento no mensalão, nas quatro sessões em que teve direito a voto - era suplente e só depois virou titular. Neste ano, o comando do Conselho deve ficar na cota do PR, e o líder da legenda, Sandro Mabel (GO), confirmou a indicação de Araújo para o posto.

- Ele tem experiência no conselho e será o indicado do partido - disse Mabel.

Entre os deputados que Araújo absolveu no Conselho está Pedro Corrêa (PP-PE), que teve o mandato cassado no órgão, por 11 a 3, e também no plenário da Câmara. Corrêa foi acusado de receber R$700 mil do esquema montado por Marcos Valério. À época, em fevereiro de 2006, Araújo defendeu Corrêa: "Pedro Corrêa não pegou no dinheiro, não houve caixa 2, não usou dinheiro em proveito próprio"

Araújo foi um dos poucos contrários à cassação de João Magno (PT-MG), salvo depois no plenário. Ele também votou a favor da preservação do mandato de Pedro Henry (PP-MT) e de Wanderval Santos (PR-SP), os três envolvidos no mensalão.

"Votei sempre de acordo com os fatos", diz deputado

No episódio dos sanguessugas, esquema de compra superfaturada de ambulâncias com dinheiro de emenda de parlamentar, Araújo, como a maioria, inocentou vários acusados e votou pela cassação de apenas dois: Cabo Júlio (PMDB-MG) e Nilton Capixaba (PTB-RO).

Como relator, em 2007, Araújo deu parecer contrário à cassação de Olavo Calheiros (PMDB-AL). Por unanimidade, o Conselho acompanhou seu voto. Calheiros foi acusado de, após vender uma fábrica de refrigerante para a Schincariol, defender interesses da empresa no governo. A denúncia foi do PSOL, e Araújo discutiu com o então líder do partido, Chico Alencar (RJ), acusando-o de querer atrair a atenção da mídia.

Na votação do processo contra Paulo Pereira da Silva (PDT), o Paulinho, Araújo também foi contra a sua cassação. Paulinho se livrou da punição no próprio Conselho. O deputado diz que seus votos foram sempre orientados pelas provas:

- Votei sempre de acordo com os fatos.

E diz que quer ampliar os poderes do Conselho:

- Defendo poderes de CPI para o Conselho, como a prerrogativa de convocar testemunhas, em vez de convidá-las.