Título: Amorim: Itamaraty continuará a dar apoio a Paula e a sua família
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 19/02/2009, O País, p. 3

Ministro nega que governo tenha se precipitado ao apoiar brasileira.

BRASÍLIA. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem que o governo brasileiro continuará a prestar assistência à advogada Paula Oliveira, que disse ter sido agredida por neonazistas na Suíça e agora é investigada naquele país. Segundo Amorim, a acusação de que Paula teria inventado o suposto ataque não fará com que o Itamaraty deixe de apoiá-la. O ministro também negou que o governo tenha se precipitado ao manifestar apoio à brasileira antes de ouvir a polícia suíça.

Amorim disse que os indícios de que Paula teria simulado a suposta gravidez e feito os cortes em seu corpo não interferem na disposição do governo de prestar assistência a ela enquanto estiver no exterior.

- O importante é o seguinte: temos que dar atenção e apoio à nossa concidadã, a brasileira que está na Suíça. É isso o que a gente fez e continuará a fazer dentro das normas internacionais normais - disse o ministro.

Segundo o chanceler, a assistência do Itamaraty a Paula inclui apoio à família e orientações para que ela consiga um advogado que assuma sua defesa no inquérito aberto na Suíça:

- Daremos todo apoio, dentro das normas, ajudando a encontrar advogado, conversando com a família. Temos para isso uma diplomata muito competente, que já foi embaixadora em outros países.

Amorim chamou de boatos as afirmações de que o Itamaraty teria prestado assistência para ajudar Paula a fugir da Suíça:

- Tem muito boato sobre esse caso. Teve até o boato de que nós estamos ajudando ela a fugir, imagine. Jornais sérios publicaram isso.

"Diplomatas têm que estar preparados para tudo; é difícil nós ficarmos surpresos"

Amorim manifestou irritação ao ser perguntado sobre as críticas de que o governo se precipitou ao dar declarações sobre o neonazismo na Suíça. Disse que o Itamaraty teria cobrado informações da polícia desde o início do caso.

- Que críticas? Não houve antecipação de defesa. Só manifestamos desejo de que houvesse uma apuração. Meu gabinete teve contato constante com gabinete da ministra das Relações Exteriores da Suíça. Eles nos garantiram que haveria apuração, é isso que está acontecendo - afirmou.

Ao ser perguntado se estava surpreso com a reviravolta do caso, o ministro deixou escapar uma resposta irônica:

- Diplomatas e ministros das Relações Exteriores têm que estar preparados para tudo, de modo que é difícil nós ficarmos totalmente surpresos.