Título: Novo governador da PB exonera mil servidores
Autor: Martin, Isabela
Fonte: O Globo, 20/02/2009, O País, p. 10

Maranhão empossa primeiro escalão, nomeando dois de seus advogados no recurso contra Cunha Lima como secretários.

JOÃO PESSOA e BRASÍLIA. Um dia após assumir o governo da Paraíba, o ex-senador José Maranhão (PMDB) empossou ontem todo o primeiro escalão de seu governo e exonerou mil servidores da gestão passada. Outros cinco mil funcionários perderão as gratificações. São 28 secretarias, duas delas ocupadas por advogados que atuaram na ação que levou à cassação do mandato do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB): José Ricardo Porto (Casa Civil) e Roosevelt Vita (Cidadania e Administração Penitenciária).

Vita atuou no fim do ano passado como advogado da associação de delegados civis em mandado de segurança para evitar que Cunha Lima cortasse o ponto por 22 dias de greve.

Outro secretário, Marcus Ubiratan Guedes Pereira, foi conselheiro do Tribunal de Contas e votou contra a aprovação das contas de Cunha Lima nos últimos quatro anos. Pereira foi nomeado secretário de Finanças. Seis vagas do primeiro escalão foram para ex-colaboradores de dois governos passados de Maranhão, entre 1995 e 2002.

Maranhão, que discursou pregando a moralização na aplicação dos recursos públicos, indicou como sua secretária particular Liliane Targino Belmont de Araújo, filha de uma prima que era sua assessora parlamentar em João Pessoa.

O secretariado só seria anunciado após o carnaval. Mas Maranhão disse que antecipou as nomeações após tomar conhecimento, na noite de quarta-feira, que Cunha Lima havia exonerado a cúpula da segurança pública, e que as polícias Civil e Militar estavam sem comando às vésperas do feriado. Maranhão atacou o governador cassado, a quem se referiu como ex-inquilino do Palácio da Redenção:

- Lamentavelmente, o que me fez antecipar a decisão foi a ciência que tive de que o ex-inquilino tinha resolvido, em um ato de insensatez, demitir os comandos da Polícia Militar e da Polícia Civil, numa demonstração de irresponsabilidade.

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou ontem a Cunha Lima e a seu vice, José Lacerda Neto, o direito de permanecer no cargo até que seja julgado em definitivo o recurso proposto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a decisão de terça-feira que cassou o mandato de ambos. Mello arquivou o pedido antes mesmo de julgá-lo, por motivos técnicos. Ele explicou que o recurso deveria ter sido encaminhado ao TSE. (Colaborou Carolina Brígido)