Título: Na era Lula, estatais criadas já chegam a dez
Autor: Doca, Geralda; Beck, Martha
Fonte: O Globo, 20/02/2009, Economia, p. 21

Novas empresas são as de semicondutores e para trem-bala. Número exclui subsidiárias de Petrobras e BB.

BRASÍLIA. O governo federal vem aumentando ao longo dos anos a presença de empresas estatais na economia. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu posse ao mais novo dirigente de estatal do país: Eduardo Weichselbaumer, do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), criado por decreto em 2008 para produzir e comercializar semicondutores e sistemas de circuitos integrados. Segundo o Ministério do Planejamento, com o anúncio de criação ainda este ano da Empresa de Pesquisa Ferroviária (EPF), o número de empresas públicas federais chegará a 118, representando uma alta de 9% desde 2002, quando o governo Fernando Henrique deixou 108 empresas a seu sucessor.

Esse número não inclui as 248 subsidiárias do Grupo Petrobras, resultado da soma de 151 controladas, 62 controladas em conjunto e 35 coligadas. Nos últimos anos, dentro da estratégia de internacionalização da estatal, várias empresas foram compradas ou criadas. É o caso da compra da Petroquímica Triunfo pela estatal em 2004 e da Suzano Petroquímica em 2007, para aumentar a participação da estatal no setor. A petrolífera não informou ontem quantas foram criadas desde 2002.

Número de funcionários subiu 15% entre 2003 e 2007

O Banco do Brasil também fortaleceu sua presença no mercado, com a criação de subsidiárias. Hoje são 16 empresas sob seu guarda-chuva, como a BB Securities Limited e a Ativos S.A - Companhia Securitizadora de Créditos Financeiros.

O governo admite a criação por lei de apenas cinco empresas: a Hemobras, que fabrica hemoderivados, a Empresa de Planejamento Energético (EPE), a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o Banco Popular do Brasil e a Ceitec.

Entre 2003 e 2007, o número de funcionários dessas empresas também cresceu. Passou de 381.911 em 2003 para 439.802 em dezembro de 2007. Segundo dados do Planejamento, em 2008 foi autorizada a abertura de mais nove mil vagas para 17 empresas. Só em 2009, foram autorizadas 4.600 vagas para Banco do Brasil, Caixa Econômica, Valec e Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron). Com isso, o aumento do efetivo estatal chegará a 18,7% desde 2003.

O governo conta com as estatais para investir na economia. Incluindo a Petrobras, as 72 estatais monitoradas pelo Planejamento (as maiores do setor produtivo) investiram R$53,2 bilhões no ano passado, 33% mais do que os R$39,9 bilhões investidos em 2007. Por outro lado, a dívida pública federal fechou janeiro em R$1,352 trilhão, o que representa uma queda de 3,23% em relação a dezembro, quando o estoque era de R$1,397 trilhão. Segundo dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional, a redução ocorreu devido a um resgate líquido de títulos no período. Esse resgate foi de R$54,87 bilhões, mas a dívida só caiu R$45,1 bilhões porque houve uma apropriação de juros de R$9,77 bilhões no mês.