Título: ONU investiga agressão a brasileiro
Autor:
Fonte: O Globo, 25/02/2009, O País, p. 5

Professor paraibano em missão no Timor-Leste acusa militares portugueses.

SIDNEY. A polícia da Organização das Nações Unidas (ONU) no Timor-Leste abriu inquérito para investigar possível agressão sofrida por um brasileiro no país, segundo informou a BBC. O professor paraibano Márcio Gutemberg, que trabalha em Díli numa missão especial de educação, disse ter sido agredido por membros da Guarda Nacional Republicana portuguesa (GNR) nas comemorações do carnaval no Timor.

Gutemberg disse que apanhou após ter tentado defender a mulher, Ivana, agredida por um guarda. A GNR é formada por militares portugueses e está no Timor desde 1999 para ajudar no patrulhamento.

Em Lisboa, o porta-voz da Guarda, tenente-coronel Costa Lima, relatou a versão que lhe foi contada pelos militares:

- Foi tudo fruto de mal-entendido. Houve pessoas que tentaram entrar numa área vedada, o que causou confronto - disse, acrescentando que não apenas o brasileiro sofreu ferimentos: - Houve mazelas de ambos os lados. Uma militar da GNR teve escoriações e recebeu assistência em hospital.

GNR também abriu inquérito para apurar denúncia

Segundo Costa Lima, além das averiguações da ONU, já está em andamento inquérito por parte da GNR:

- Para nós é importante que seja feito o inquérito por parte da ONU, para que não fiquem dúvidas de parcialidade que poderiam surgir caso fosse apenas um inquérito da nossa parte.

Os cerca de 230 militares da GNR no ex-território indonésio - e ex-colônia portuguesa - participam da Missão Integrada das Nações Unidas em Timor-Leste (Unmit).

Os brasileiros Afonso Prado e Rodrigo Rezende estão atuando como defensores públicos de Gutemberg. De acordo com Rezende, a agressão teria ocorrido quando Ivana pediu a um guarda que deixasse um funcionário da embaixada brasileira passar pelo cordão de isolamento.

- O policial deixou, mas abordou-a com um forte tapa no ombro. Quando Ivana se virou para ver o que acontecia, o guarda agarrou-a pelo braço e pelo pescoço, gritando que ela não iria ensiná-lo a fazer o seu trabalho - disse à BBC Brasil.

Gutemberg teria se aproximado e empurrado o policial para que largasse a mulher. Outros policiais o teriam agredido. Ele afirmou que foi levado para uma guarnição da GNR, onde limparam seus ferimentos. Depois o encaminharam ao Centro de Operações da ONU.

Segundo a diplomata Sabine Popoff, ministra-conselheira da embaixada brasileira em Díli, representantes do órgão intercederam pela libertação do brasileiro.