Título: Incra: assassinos serão excluídos de programa
Autor: Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 26/02/2009, O País, p. 4

MST diz que crimes foram "legítima defesa"

RECIFE e CURITIBA. Os sem-terra envolvidos nos assassinatos de quatro jagunços numa fazenda de São Joaquim do Monte, no agreste pernambucano, serão excluídos da reforma agrária, informou ontem o superintendente do Incra em Recife, Abelardo Siqueira. A legislação determina que não devem ser beneficiadas pessoas com antecedentes criminais.

Siqueira foi ontem ao município, a 137 quilômetros de Recife. Lá, além de visitar as fazendas Jabuticaba e Consulta, onde houve o crime, foi à polícia. Ele adiou para hoje a reunião que terá com a coordenadoria regional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Caruaru. O MST está esperando pela reunião desde domingo.

A coordenação do movimento assumiu os assassinatos alegando que foram em legítima defesa, já que os seguranças teriam chegado aos acampamentos "para matar". A discussão, segundo o Incra, começou na fazenda Jabuticaba e terminou na Consulta, onde ocorreu o confronto. O MST reivindica as duas propriedades desde 2000.

Siqueira informou que o acampamento da Consulta foi transferido para Jabuticaba, onde ele contou ontem 60 pessoas ligadas ao MST. Disse que não conseguiu localizar os dois proprietários e assegurou que as fazendas não foram vistoriadas.

No Paraná, cerca de 200 pessoas ligadas ao MST invadiram anteontem duas fazendas em Londrina, no norte do estado. Segundo a Polícia Militar, os invasores começaram a chegar ao local na sexta-feira, em ônibus e caminhões, e acamparam nas proximidades. Os sem-terra reivindicam agilidade na compra das terras.

As famílias ergueram barracões no interior das fazendas ocupadas e continuavam acampadas nas propriedades até o início da noite de ontem, sem registro de confronto. Nas fazendas invadidas, a Pininga, com 1,4 mil hectares, e a Guairacá, com 5,8 mil hectares, há cultivo de milho e soja, além de criação de gado. Segundo o MST, as terras precisam ser regularizadas pelo Incra. Em nota, o instituto informou que as áreas de Londrina já foram compradas e que o instituto vai providenciar o assentamento das famílias o mais rapidamente possível. O MST quer assentar nas duas fazendas de 500 a 600 famílias.

(*) Especial para O GLOBO