Título: Obama defende o fim de subsídios agrícolas
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 26/02/2009, Economia, p. 23

Presidente cortará pagamentos a grandes negócios. Em encontro com Hillary, Amorim condena "Compre América".

WASHINGTON. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu o fim dos "pagamentos diretos a grandes negócios agrícolas que não precisam deles", em um aparente ataque aos subsídios que custam US$5,2 bilhões por ano. Em um discurso ao Congresso, na noite de terça-feira, Obama afirmou que a Casa Branca identificou US$2 trilhões em gastos considerados como desperdício e ineficazes, incluindo pagamentos diretos desnecessários a grandes fazendas.

- Neste orçamento, vamos... acabar com os pagamentos diretos a grandes negócios agrícolas que não precisam deles - disse, sem afirmar quanto seria economizado com a medida ou como ela seria estruturada.

Os subsídios dos EUA para as safras e produtos lácteos são estimados em US$7,5 bilhões em 2009, sendo que dois terços são pagamentos diretos.

Amorim pede confirmação de negociador de comércio

A proposta de Obama dá eco a uma questão importante da campanha presidencial, mas propostas similares falharam outras vezes devido à oposição de legisladores ligados às questões agrícolas. Na semana passada, 11 grupos agrícolas já pediram contra qualquer corte ao apoio agrícola.

O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, se encontrou ontem com a secretária de Estado, dos Estados Unidos, Hillary Clinton, mas não chegou a cobrar uma posição formal do governo americano em relação à aplicação da lei "Compre América" - exigência de se adquirir apenas aço e ferro produzidos nos EUA - nas obras de infraestrutura.

- Mencionei o "Compre América", mas acho que não era um dia para aprofundar. A principal mensagem que dei nesse campo é a de que é muito importante que o governo americano dê prioridade à confirmação do seu representante comercial - disse ele, referindo-se ao novo chefe do Escritório de Comércio da Casa Branca (USTR, na sigla em inglês), Ron Kirk, indicado por Obama, que é o negociador do país de comércio internacional.

Segundo Amorim, a escolha é importante para que se discuta o tema medida por medida. Ele disse que o melhor para evitar atitudes protecionistas seria concluir a Rodada de Doha.

(*) Com agências internacionais