Título: Lobão cede e diz que direção de fundo de pensão de Furnas fica até outubr
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 01/03/2009, O País, p. 10
Funcionários e aposentados da estatal cobravam garantia do governo.
BRASÍLIA. Após atacar abertamente a administração da Fundação Real Grandeza, que acusara de "bandidagem", o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, cedeu à pressão de funcionários e aposentados de Furnas e, em nota, informou ontem que não haverá mudanças na direção do fundo até outubro. Em nota divulgada pelo ministério à imprensa, Lobão deu sua versão do episódio: disse que ele próprio solicitou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que adiasse a mudança na direção no fundo de pensão de Furnas.
Foi a primeira vez que, Lobão, ligado ao PMDB, se pronunciou publicamente depois que O GLOBO publicou uma entrevista em que ele, na quinta-feira, atacou a direção da Real Grandeza. A declaração irritou o presidente Lula, que decidiu adiar, por tempo indeterminado, as mudanças na direção do fundo de pensão.
Para Lula, a bancada do PMDB do Rio na Câmara dos Deputados tem uma "ganância sem limites", segundo interlocutores do presidente, que estaria convencido de que esse grupo tentava, pela terceira vez, assumir o controle do fundo de pensão dos funcionários de Furnas, com patrimônio de cerca de R$6,3 bilhões.
Em nota, porém, Lobão argumenta que foi informado dos problemas de relacionamento entre a direção de Furnas e do fundo de pensão, e que a administração da Real Grandeza seria substituída por funcionários de carreira da empresa. Mas, diante da forte reação dos sindicatos dos empregados e da associação de aposentados de Furnas, o ministro afirmou que procurou Lula.
"O presidente aprovou a posição do ministro"
A nota diz que "o ministro tomou a iniciativa de informar ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República sobre a condução do assunto e sua disposição de recomendar a suspensão da mudança, até o término dos atuais mandatos já prorrogados, o que se dará em outubro deste ano. O Senhor Presidente da República aprovou integralmente a posição do ministro". A garantia de que não haveria troca na direção do fundo até outubro foi pedida anteontem por Tânia Vera, presidente da Após Furnas, associação de aposentados da estatal.