Título: Deputado do castelo some e escapa de notificação
Autor: Lima, Maria; Braga, Isabel
Fonte: O Globo, 01/03/2009, O País, p. 11

Um mês depois de escândalo, ausência do ex-corregedor Edmar Moreira emperra investigação da Câmara.

BRASÍLIA. Sumido há quase um mês, desde que estourou o escândalo envolvendo uso indevido de verba indenizatória, sonegação fiscal, apropriação indébita de contribuições previdenciárias de seus funcionários e a nebulosa história da construção de um castelo de 36 suítes no interior de Minas Gerais, o deputado Edmar Moreira (sem partido), ex-corregedor da Câmara, sequer foi notificado oficialmente da investigação aberta na Corregedoria da Câmara. O motivo: ainda não foi encontrado. Por outro lado, o sumiço de Edmar tem deixado seus colegas mais à vontade para falar da sua difícil situação, que começará a ser decidida esta semana.

Uso de verba indenizatória terá que ser explicado

Seu principal problema, segundo colegas mineiros, não é justificar a construção do castelo, mas o uso de R$236 mil da verba indenizatória em segurança privada nos dois últimos anos. Isso representa 68,4% dos R$365 mil de verba que ele gastou em 2007 e 2008. A representação encaminhada pelo PSOL à corregedoria pede apuração para comprovar se Edmar desviou esses recursos para empresas de segurança de sua propriedade ou de amigos. Se for confirmada essa triangulação, Edmar deverá perder o mandato.

O corregedor ACM Neto (DEM-BA) disse que o prazo dado a Edmar para se apresentar e ser notificado vence nesta terça-feira. Segundo amigos do mineiro, ele está muito abalado emocionalmente e por isso não retornou mais à Câmara desde o último dia 5. No gabinete, assessores não informam o paradeiro de Edmar Moreira. Parlamentares de Minas dizem que por lá ele também está sumido.

- Para qualquer parlamentar, o que ele passou significa um baque psicológico muito grande, difícil de aguentar. Na idade dele fica ainda mais difícil. Além das denúncias, ele teve que renunciar a uma eleição bonita, que ganhou no voto (a de corregedor). Ele foi do céu para o inferno em dois minutos - disse o deputado Carlos Wiliam (PTC-MG).

Para Willian, não deu tempo ainda de sentir o clima na Casa em torno de um possível processo por quebra de decoro contra Edmar no Conselho de Ética. Mas o sentimento, afirma, é de que ele não terá maiores problemas com o castelo.