Título: Senado cobra de diretor explicação sobre imóvel
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Fonte: O Globo, 02/03/2009, O País, p. 4

Casa de Agaciel Maia, avaliada em R$5 milhões, não tem registro na Receita

BRASÍLIA. Causou constrangimento à cúpula do Senado a informação de que o diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, teria usado o irmão e deputado João Maia (PR-RN) para ocultar a propriedade de uma casa no Lago Sul - área nobre de Brasília - que, segundo o jornal "Folha de S.Paulo", em sua edição de ontem, está avaliada em R$5 milhões. Integrantes da Mesa Diretora do Senado informaram que esperam uma explicação de Agaciel sobre o episódio. O imóvel também não foi declarado à Receita Federal nem à Justiça Eleitoral pelo deputado.

A senadora Ideli Salvatti (SC), ex-líder do PT, cobrou ontem uma explicação de Agaciel ao Senado por não ter declarado o imóvel. A casa tem 960 metros quadrados de área construída, cinco suítes, piscina e um campo de futebol. Ela lembrou que o servidor ocupa um cargo estratégico por ser o ordenador de despesas da Casa. Apesar de ser do quadro efetivo do Senado, Ideli ressaltou que ele deve uma justificativa convincente. Procurado pelo GLOBO, Agaciel não foi localizado.

- Diante disso, é preciso uma explicação convincente de Agaciel Maia. Por que essa residência não está declarada? A partir do momento que essa história veio a público, é preciso que o Senado receba uma justificativa. Até porque ele ocupa uma posição estratégica na Casa e um cargo de confiança. Ele é o ordenador de despesas do Senado. Não pode haver dúvidas em relação a ele - cobrou Ideli.

Agaciel disse à "Folha" ter colocado o imóvel em nome do irmão porque, na ocasião da compra, em 1996, estava com os bens indisponíveis, medida decretada pela Justiça, devido ao escândalo da gráfica do Senado dois anos antes. Em 1994, o então senador Humberto Lucena (PMDB-PB) teve sua candidatura cassada por uso ilegal da gráfica do Senado, sob responsabilidade de Agaciel, para impressão de material de campanha.

Para primeiro-secretário, assunto é pessoal e antigo

O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), foi cauteloso. Ele afirmou que, como esse é um assunto de patrimônio pessoal, não pode se pronunciar sobre o episódio, que qualificou como um fato do passado distante. Para Fortes, da forma como o tema foi apresentado, será difícil que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tome qualquer medida. Procurado ontem pelo GLOBO, Sarney também não foi localizado. Fortes informou ainda que não foi marcada reunião da Mesa Diretora para avaliar o caso:

- São fatos de dez anos, não são fatos novos. Diante disso, o que dá para Sarney fazer? Nada. Eu mesmo não posso falar sobre um assunto que é da vida pessoal de Agaciel. Ainda mais sobre um imóvel comprado nos anos 90.