Título: FMI vê América Latina mais forte contra a crise
Autor: Oliveira, Eliane; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 03/03/2009, Economia, p. 23
Para Bird, não há impacto no sistema financeiro da região
PORTO, Portugal. A América Latina está em uma posição mais forte do que no passado para enfrentar a atual crise global de crédito, mas o cenário da economia ainda pode piorar, afirmaram ontem representantes do Banco Mundial (Bird) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em reunião com ministros de Finanças de América Latina, Espanha e Portugal, os representantes dos dois organismos financeiros internacionais afirmaram que a região está em forte posição financeira graças a sólidas políticas macroeconômicas nos últimos anos.
- A boa notícia: a América Latina está muito mais preparada para superar os choques externos do que estava no passado - afirmou Nicolás Eyzaguirre, diretor do departamento do Hemisfério Ocidental do FMI.
Mas ele alertou que o impacto externo da crise global de crédito é "mais profundo, mais global, e duradouro" do que em ocasiões anteriores.
Pamela Cox, vice-presidente do Bird para a América Latina e Caribe, disse que a crise global está desacelerando o crescimento na região, mas que não há impacto nos sistemas financeiros, como aconteceu no Leste da Europa.
- Eles essencialmente desfrutaram dos bons tempos durante os últimos cinco anos para arrumar a casa - afirmou Pamela à agência Reuters. - Certamente, a crise não era e não está sendo sentida no sistema financeiro na região, ao contrário do Leste da Europa.
Fundo deve rever projeção para economia global
Essa opinião é compartilhada pelo diretor do FMI:
- Até agora, em geral, os sistemas bancários na América Latina não sofreram o maior estresse - disse Eyzaguirre. - As situações diferem de um país para outro, mas não há um problema geral de capital insuficiente de bancos comparável ao dos Estados Unidos, por exemplo.
O diretor do FMI alertou, no entanto, que a crise "ficará pior antes de melhorar, em nossa região e também globalmente". Ele também afirmou que o Fundo vai rever suas projeções de crescimento global para este ano, atualmente de 0,5%, "provavelmente para território negativo".
Os ministros das Finanças e Bancos Centrais da América Latina, Espanha e Portugal se reuniram em Portugal para coordenar posições antes do próximo encontro de líderes do G-20, no dia 2 de abril.