Título: Senado expõe suas entranhas
Autor:
Fonte: O Globo, 04/03/2009, O País, p. 3

CORRUPÇÃO EM DEBATE

Líder do PMDB age pró-Collor, diretor-geral cai e Casa lava sua roupa suja

BRASÍLIA

Sob nova direção há um mês, o Senado ainda não votou um projeto sequer, e ontem passou o dia expondo as mazelas que ajudam a agravar essa paralisia. Começou com a queda do diretor-geral da Casa, Agaciel Maia, acusado de ocultar mansão de R$5 milhões. Estava no cargo há 14 anos, graças ao mesmo José Sarney (PMDB-AP) que hoje preside o Senado, e só caiu diante de forte pressão. Não foi o único fato do dia. Agora líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), que em 2007 teve de renunciar à presidência do Senado sob a acusação de ter contas pagas por empreiteira, manobrou para manter interesses de seu grupo e pagar "faturas" da recente eleição da Mesa. Renan tirou Jarbas Vasconcelos (PMDB) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e deu a vaga a Francisco Dornelles (PP). E, para dar ao ex-presidente Fernando Collor (PTB) o comando da Comissão de Infraestrutura, trocou senadores que votariam na petista Ideli Salvatti por fiéis integrantes de sua tropa de choque. Horas depois da demissão de Agaciel, e com o Senado às turras pelas ações de Renan, Sarney preferiu se ausentar do plenário quando Jarbas foi à tribuna fazer duro discurso contra a corrupção e a necessidade de reformas para acabar com os vícios dos políticos apegados ao poder. Os caciques do PMDB silenciaram.