Título: Fiesp fala em retração da economia e cobra queda mais rápida dos juros
Autor: Novo, Aguinaldo
Fonte: O Globo, 07/03/2009, Economia, p. 22
Volatilidade do mercado leva entidade a suspender estimativas de PIB.
SÃO PAULO. Os dados do IBGE, indicando que a produção industrial de janeiro foi de apenas 2,3%, levaram a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) a falar em recessão no país, com um crescimento próximo de zero ou até negativo este ano. Empresários e economistas ligados à federação defenderam que este é o momento para o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central acelerar o ritmo de redução dos juros. A expectativa é a de um corte de pelo menos um ponto percentual da Taxa Selic na reunião marcada para a próxima semana.
- Entramos num período de forte redução do nível de atividade econômica. E a hipótese mais provável, hoje, é que isso caminhe para um quadro clássico de recessão - afirmou o diretor de Pesquisas Econômicas da Fiesp, Paulo Francini.
Pela primeira vez, a entidade deixou de anunciar estimativas para a variação do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país). Segundo Francini, isso se deve à volatilidade no mercado. A falta de parâmetros confiáveis sobre o comportamento do mercado também levou a Ford a adotar um planejamento de guerra: as estimativas de vendas de veículos e, por tabela, de produção passaram a ser revistas dia a dia. A montadora diz que não tem como divulgar uma projeção de vendas para os próximos meses.
- Numa situação dessas, em que você perde os parâmetros, a tendência é o empresário ser conservador - afirmou o diretor de Relações Governamentais da Ford para a América do Sul, Rogelio Golfarb.
Setor industrial tenta se adaptar à realidade de crise
Pelos dados do IBGE, o desempenho do setor automotivo evitou uma depressão ainda maior da atividade industrial em janeiro. Beneficiado pela redução do IPI no preço dos carros, o setor promoveu o retorno de funcionários em férias coletivas e aumentou sua produção em 40,8%. A manutenção desse resultado vai depender da renovação do benefício fiscal, que expira neste mês.
Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o desempenho do setor automotivo representou um "respiro" para a produção industrial. Mas, ainda assim, modesto.
"O setor industrial busca encontrar um novo nível de produção que seja condizente com um novo quadro econômico, o qual, vale dizer, está longe de ser totalmente claro", diz a entidade, em avaliação sobre os números divulgados pelo IBGE.
Medidas para flexibilizar a política monetária também são defendidas pelo presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy. Segundo ele, as condições de financiamento ainda continuam relativamente ruins, e a perspectiva de uma volta ao crescimento é limitada.
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