Título: Venezuela ameaça fazer novas estatizações
Autor: Scofield Jr., Gilberto
Fonte: O Globo, 07/03/2009, O Mundo, p. 27

CARACAS. Em um sinal de que as expropriações devem continuar na Venezuela, o titular do recém-criado Ministério de Comércio, Eduardo Samán, disse ontem que "a revolução agrícola" acaba de começar, com a recente desapropriação de uma fábrica processadora de arroz e a intervenção temporária em outra.

- É o princípio da revolução agrícola, mas vamos aprofundar o tema e agora temos que fazer o controle da semente, dos agroquímicos e do resto dos insumos; temos que revisar o acesso à terra e o acesso a todos estes produtos para garantir a segurança agroalimentar - afirmou o ministro.

Após expropriar esta semana uma beneficiadora de arroz da transnacional americana Cargill e intervir por 90 dias em outra da venezuelana Polar, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, continuou na quinta-feira seu plano de nacionalizações, com a desapropriação de 1.500 hectares da filial em seu país da transnacional europeia Smurfit Kappa Group, que produz papel. O objetivo, segundo o governo, seria utilizar a área da empresa voltada para a plantação de eucaliptos para plantar alimentos, especialmente trigo.

A Venezuela enfrenta há meses a escassez de alimentos nos mercados. Arroz, trigo, carnes e derivados de leite são os produtos mais em falta. Segundo o governo, os produtores e comerciantes, para fugir do tabelamento de preços, sofisticam os produtos para vender mais caro ou então comercializam no mercado negro com ágio. Já os empresários dizem que a falta se deve ao congelamento, que tornou os preços no mercado internacional maiores que os praticados internamente, o que inviabilizaria a produção e a importação. Supermercados também já foram ameaçados por Chávez de expropriação.