Título: Governo estadual também atrasa pagamentos
Autor: Jungblut, Cristiane; Tabak, Flávio
Fonte: O Globo, 08/03/2009, O País, p. 10

Na Rocinha, apenas R$1,8 milhão foi efetivamente gasto.

RIO e BRASÍLIA. Duas placas na Autoestrada Lagoa-Barra, uma das vias mais movimentadas da cidade, anunciam as intervenções do PAC na favela da Rocinha, que atingiram somente 3% do cronograma de execução físico e têm previsão de entrega para setembro de 2010. A obra está concentrada, por ora, num terreno ao lado da comunidade, onde será construído um complexo esportivo. Mas o alargamento de duas ruas, que prevê a desapropriação de barracos, ainda não começou, assim como a instalação de um hospital dentro da favela.

Os recursos do governo do estado - que divide tarefas com o governo federal - para as obras explicam por que apenas 3% dos projetos saíram do papel na Rocinha. Dados do Sistema de Informações Gerenciais (SIG), do governo do estado, mostram que somente 4% (R$1,8 milhão) das despesas aprovadas inicialmente no orçamento (R$42,6 milhões) foram pagas em 2008 para as empresas no PAC da Rocinha.

Longe dali, no Complexo do Alemão, a dona de borracharia Maria da Penha Keffler observou da plateia, em março de 2008, a cerimônia que iniciou os projetos na favela. Já acostumada com o barulho das máquinas, a moradora lembra ter visto o presidente Lula e o governador Sérgio Cabral. A memória, no entanto, não foi tão generosa com a ministra Dilma Rousseff.

- Não lembro da Dilma. Sei que ela é ministra, mas acho que não vai ganhar nada, tem gente melhor. As mulheres sabem mandar. Gosto da Marta Suplicy, ela tem mais gabarito para ser presidente - diz Maria da Penha.

No Complexo do Alemão, estão sendo construídos centros de referência para a juventude, unidades habitacionais, estações de teleférico, além de outros equipamentos. Foram executados até agora entre 12% e 15% dos projetos. Da parte que cabe ao governo do estado, foram pagos R$43,4 milhões (22%) dos R$196,6 milhões previstos no orçamento de 2008.

Em 31 de março, Dilma foi a Duque de Caxias, também com Lula, para lançamento do PAC da Baixada Fluminense. Nesse caso, apenas 7% das obras foram executadas. O projeto prevê repasses de R$275,6 milhões do Orçamento, e o prazo de conclusão é agosto de 2010.

No mesmo dia, a ministra foi a Itaboraí para o lançamento das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), um projeto de R$17,3 bilhões tocado pela Petrobras, em parceria com o grupo Ultra e financiamento do BNDES. As intervenções estão também em fase inicial - só 7% executados - mas a previsão de conclusão é para dezembro de 2012.

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