Título: Custo de salário chega a dobrar
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 08/03/2009, Economia, p. 34
BRASÍLIA. Em tempos de bonança econômica ou de crise, a flexibilização da legislação trabalhista brasileira é centro de polêmica. Especialistas e empresários reforçam a necessidade de mudança na lei para facilitar contratações, reduzindo seu custo. De acordo com levantamento do professor José Pastore, somando-se obrigações sociais, como Previdência e FGTS, a outras despesas, como férias, feriados, aviso prévio e décimo terceiro, uma empresa tem custo de 102,43% sobre o salário pago ao funcionário.
O cálculo de Pastore é contestado por alguns, que alegam que ele lista despesas universais, como férias e descanso semanal. Mas, considerando-se apenas obrigações sociais que incidem sobre a folha de salários, o custo de cada contratação é de 35,8%. Segundo ele, isso é maior do que todo o custo da folha no Japão, que chega a 12%, e nos EUA, de 9%.
- A despesa de contratação é tão alta no Brasil que induz à informalidade, ao desemprego, à automação e também à sonegação na área previdenciária, que ainda é muito grande no Brasil.
O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, já afirmou que o problema é que as empresas pagam muito e há burocracia.
A especialista da Organização Internacional do Trabalho (OIT) Janine Berg diz que a crise não pode ser desculpa para debilitar direitos, mas admite que negociações coletivas temporárias podem ser uma alternativa. (Gustavo Paul)