Título: Atos de vandalismo em protestos pelo país
Autor: Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 10/03/2009, O País, p. 3

Mulheres da Via Campesina invadem porto, danificam madeira e ocupam ministério.

SÃO PAULO. Mulheres da Via Campesina - grupo que reúne movimentos ligados ao campo, incluindo o MST - protagonizaram cenas de vandalismo no porto de Barra do Riacho, distrito de Aracruz, no Espírito Santo, um dos alvos de protestos realizados ontem em todo o país. Após invadirem o terminal, cerca de de 1.300 mulheres espalharam cupins e picharam os estoques de madeira com tinta vermelha. Mais de duas mil toneladas de madeira foram danificadas, segundo a administração do porto. O protesto durou meia hora e paralisou o embarque de celulose naquele terminal.

"Nosso porto foi usado como instrumento para protesto contra o agronegócio e o sistema econômico. A agressão não tem justificativa e atinge as exportações do país, justamente num setor em que o Brasil é altamente competitivo. A empresa espera que fatos como este não fiquem impunes", frisou, em nota, Gilberto Marques, diretor superintendente do Portocel, empresa responsável pela exportação do produto.

Cerca de 4.500 mulheres da Via Campesina protestaram em cinco estados, reivindicando um novo modelo agrário. Um dia após as comemorações pelo Dia Internacional das Mulheres, elas levaram crianças para os locais das manifestações. Em Brasília, quebraram uma porta de vidro do Ministério da Agricultura. E em Aliança, município pernambucano a 85 quilômetros de Recife, houve confronto com policiais militares; um sem- terra foi detido, acusado de agredir um policial.

Em Presidente Prudente, no interior paulista, cerca de 200 mulheres protestaram contra a morosidade da reforma agrária na região, ocupando a frente do escritório regional do Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp). A ação foi chefiada por Diolinda Alves de Souza, mulher do líder dissidente do MST José Rainha Júnior.

Também em São Paulo, além das ações promovidas pela Via Campesina, 600 sem-terra invadiram uma área da Cosan, em Barra Bonita, a 280 quilômetros da capital. A manifestação também foi um protesto contra a política de reforma agrária. Já no interior do Paraná, 1.200 mulheres da Via Campesina fizeram uma passeata e, após uma missa, retornaram aos acampamentos.

No Rio Grande do Sul, fábrica da Votorantim invadida

Em Candiota, no Rio Grande do Sul, um grupo de 700 mulheres da Via Campesina invadiu a Votorantim Celulose e Papel. "Depois de especular contra a moeda brasileira e ter prejuízos financeiros, a VCP recebeu R$6,6 bilhões do governo brasileiro para adquirir a Aracruz Celulose" disse a Via Campesina, em nota.

Em nota à imprensa, as mulheres justificaram os protestos: "Não queremos o projeto de agricultura do agronegócio, hidronegócio e das empresas transnacionais no Brasil".

oglobo.com.br/pais