Título: Jarbas critica pedido de Sarney por investigação
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 11/03/2009, O País, p. 8

Presidente do Senado diz que cumpriu dever de defender a Casa.

BRASÍLIA. A disputa política travada pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) para provar que está sendo perseguido desde que denunciou a existência de corrupção no PMDB teve ontem mais um capítulo. Ele voltou à tribuna para dizer que está sendo vítima de arapongagem a mando de quem deseja desmoralizá-lo. A denúncia foi publicada pela revista "Veja" desta semana. Jarbas não nomeou quem estaria por trás dos grampos e reclamou da agilidade com que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tomou providências e pediu à Polícia Federal e ao Ministério Público que apure as denúncias. Sarney encaminhou domingo os ofícios pedindo a investigação, segundo Jarbas, sem conversar primeiro com ele.

- O ofício enviado ao procurador Antonio Fernando não retrata a verdade dos fatos. Vossa Excelência procura, não sei com que objetivo, distorcer a matéria de "Veja" e minhas declarações, ao afirmar que denunciei uma investigação contratada por integrantes do PMDB - protestou Jarbas, negando ter dito que a espionagem era do partido.

Sarney diz que seu pedido está dentro da ordem jurídica

Como não presidia a Mesa naquele momento, mais tarde Sarney respondeu a Jarbas. Disse que cumpriu seu papel de defender os senadores e a Casa:

- Não há, de maneira alguma, qualquer afirmação do senador (no ofício). Então, o meu ofício está perfeitamente dentro da norma jurídica. Estou pedindo para que apurem as divulgações da revista "Veja" e não dizendo que o senador fez afirmações contra quem quer que seja.

Jarbas disse que, antes de apurar suas denúncias, Sarney deveria mandar investigar outras de arapongagem contra Marconi Perillo (PSDB-GO) e Demóstenes Torres (DEM-GO), durante o processo de cassação do então presidente do Senado, Renan Calheiros (AL).

- Em outubro de 2007, a "Veja" trouxe uma extensa reportagem detalhando a espionagem. Esse trabalho teria sido realizado pelo assessor da presidência, Francisco Escórcio - disse Jarbas, cobrando explicações de Sarney e dizendo que a arapongagem tinha sido contratada pelo Senado.

Renan, agora líder do PMDB, se defendeu:

- Foi uma brincadeira de mau gosto que me obrigou a tirar licença da presidência do Senado.

O ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que mandou a PF apurar a suposta espionagem contra Jarbas.

- Recebi pedido do presidente Sarney, e nós vamos abrir um inquérito. É absolutamente inadmissível que qualquer parlamentar seja espionado, seja por autoridade pública em desvio de conduta seja por instituição privada de qualquer natureza.