Título: Denúncias adiam fim da CPI dos Grampos
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 11/03/2009, O País, p. 8

REPÚBLICA DO GRAMPO: Relator que não pediu indiciamento agora admite responsabilizar suspeitos de espionagem.

Comissão foi prorrogada ontem pela quinta vez e terá mais dois meses para convocar agentes da PF e da Abin

BRASÍLIA. Prorrogada ontem pela quinta vez, a CPI dos Grampos terá mais dois meses para voltar a ouvir agentes da Polícia Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que participaram da Operação Satiagraha. Além de convocar novamente o delegado Protógenes Queiroz, os deputados querem analisar documentos apreendidos na casa dele pela corregedoria da Polícia Federal, que investiga supostos abusos na operação.

Uma semana após apresentar suas conclusões sem pedir qualquer indiciamento, o relator Nelson Pellegrino (PT-BA) mudou de tom e admitiu responsabilizar autoridades envolvidas em grampos ilegais.

- Fatos novos poderão mudar o rumo da CPI - disse ele, ao suspender a discussão sobre o relatório original.

Hoje, os deputados devem aprovar novas convocações de Protógenes, do ex-diretor da Abin Paulo Lacerda e do ex-número dois da agência José Milton Campana. Também serão chamados agentes da Abin e arapongas que teriam atuado informalmente na Operação Satiagraha.

Deputado cobra abertura de documentos de investigação

O presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), voltou a dizer que pedirá o indiciamento de todos por falso testemunho.

O novo prazo de 60 dias foi aprovado em votação simbólica no plenário da Câmara dos Deputados. Apesar de defender a prorrogação da CPI, o deputado Simão Sessim (PP-RJ) disse a Itagiba que é preciso dar mais objetividade aos trabalhos.

- Cansamos de ter sessões aqui com apenas um deputado. O senhor sabe disso - afirmou Sessim.

O deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), um dos poucos representantes da oposição na CPI, cobrou acesso a registros que mostrariam que Protógenes teria investigado políticos do partido paralelamente à operação.

Parlamentares conversarão com juiz sobre Satiagraha

Segundo a edição da revista "Veja" desta semana, a corregedoria da Polícia Federal ainda não conseguiu abrir arquivos com referências a tucanos que teriam sido apreendidos na casa do delegado.

- Quero saber o que tem lá sobre o ex-presidente Fernando Henrique e o governador José Serra. Quero saber o que é o arquivo "Tucano", sem receio. E também das pessoas do governo que foram investigadas - afirmou Gustavo Fruet.

Os deputados também decidiram ir a São Paulo nos próximos dias para conversar com o juiz da 7ª Vara Federal, Ali Mazloum, responsável pelas investigações sobre a Operação Satiagraha.