Título: Serra critica PT e Dilma ataca FH
Autor:
Fonte: O Globo, 12/03/2009, O País, p. 4

Para governador, campanha é prematura; ministra condena gabinete anticrise.

SÃO PAULO e BRASÍLIA. Pouco depois de se reunir com a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, virtual candidata à Presidência pelo PT, o governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato do PSDB, criticou a antecipação do debate sobre a sucessão do presidente Lula. Ele se recusou a dizer se o recado era para o governo ou para o próprio partido, no qual o governador de Minas, Aécio Neves, defende prévias.

- No Brasil, está se tratando da eleição muito prematuramente. Não estou preocupado em faturar este ou aquele programa- disse Serra, sem especificar quem antecipava o debate eleitoral. - Cada um analisa e vê por que esta coisa se acelerou. Mas o fato é que é muito cedo.

Perguntado sobre quando seria o momento ideal, disse:

-Tenho certeza que esta ano não é. A gente precisa trabalhar para enfrentar a crise.

De manhã, Dilma tomou café com as bancadas de deputados do Nordeste. Fez uma ampla defesa da política social do governo para a região e deu estocadas no PSDB. Diante de uma plateia acostumada a reivindicar, disse que as condições sociais dos nordestinos melhoraram com as políticas do governo Lula:

- O Bolsa Família é um programa que tem a cara do Nordeste. A boca do jacaré das diferenças entre o Brasil e o Nordeste fechou um pouco.

Com uma maratona de compromissos nos últimos dias, a maquiagem não escondia as olheiras da ministra nas primeiras horas da manhã - ela sempre se queixou do problema com as olheiras.

Quando falava sobre energia, disse que era um absurdo um governante não saber que haveria apagão, numa referência ao governo tucano. Sobre a proposta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de se criar um gabinete anticrise, a ministra afirmou:

- Essa política de gabinete de crise é de quem não segurou a barra e teve um apagão. É o mesmo pessoal que fez o gabinete antiapagão.

O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), rebateu as declarações:

- Não é propósito do PSDB criar dificuldades para o governo. Mas o fato é que o governo não consegue ter foco no gerenciamento da crise. A própria ministra tem duas grandes tarefas: cuidar do PAC, que é um saco de problemas, e de sua própria campanha. Melhor seria um gabinete que tivesse liderança, estratégia e projeto real para desenvolver o enfrentamento da crise.