Título: OAB critica fim da prisão especial
Autor:
Fonte: O Globo, 13/03/2009, O País, p. 8

Para dirigente da entidade, projeto aprovado na CCJ do Senado é demagógico.

BRASÍLIA. A Ordem dos Advogados do Brasil criticou ontem o projeto que acaba com o direito a prisão especial para quem tem curso superior. O texto foi aprovado anteontem pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e ainda será votado em plenário. Para o secretário-geral adjunto da OAB, Alberto Toron, a medida pouco deve acrescentar ao sistema penitenciário, porque atingirá um número pequenos de detentos. Para ele, a proposta é demagógica:

- Os presos hoje são tratados como verdadeiros dejetos humanos. E, em vez de melhorar as condições nas cadeias para essas pessoas, o que se faz é adotar medidas como a aprovada no Senado, que atinge número pequeníssimo de presos. E a medida ainda vai soar como demagógica na sociedade.

Pela proposta aprovada na CCJ do Senado, fica mantida, porém, a prisão especial para políticos e outras autoridades. Padres, pastores e bispos evangélicos perdem o benefício. O dirigente da OAB disse que já existe uma lei, aprovada ainda no governo do ex-presidente Fernando Henrique, que praticamente acabou com a prisão especial:

- Os privilégios de quem tem curso superior têm diminuído muito e praticamente terminaram. Acabou essa história desses presos não usarem uniforme, receberem visitas a todo dia e a toda hora, e receberem alimentação de familiares na hora em que desejam. O que a CCJ aprovou é mais do mesmo.

Já o ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu o fim da prisão especial para quem tem curso superior completo. Mas alertou que, para implementar a proposta, serão necessárias mudanças no sistema prisional. Segundo Tarso, o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) já prevê melhorias nas prisões:

- É correta (a proposta), desde que venha acompanhada de um novo sistema prisional. É preciso que o sistema melhore, qualifique e humanize.