Título: Em SP, fábricas cortam 236 mil vagas em 5 meses
Autor: Bôas, Bruno Villas
Fonte: O Globo, 13/03/2009, Economia, p. 23

Setor dispensou mais 43 mil pessoas em fevereiro. Fiesp diz que nunca houve queda tão forte no mês.

SÃO PAULO. Os empregos continuam minguando na indústria paulista. Pesquisa da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) divulgada ontem mostrou que houve em fevereiro queda de 1,8% no nível de empregos do setor em relação a janeiro, o que significou a dispensa de 43 mil trabalhadores. Foi o quinto mês seguido de cortes de vagas nas fábricas. Desde outubro, quando os efeitos da crise começaram a chegar com mais força ao país, o setor industrial paulista já eliminou 236.500 postos de trabalho. No mesmo período entre 2007 e 2008, os cortes tinham sido de 38 mil vagas.

Com ajuste sazonal, o indicador em fevereiro encolheu 2,09%. Só nos dois primeiros meses do ano, 74 mil postos já foram fechados no setor. Quando se compara o total de ocupados na indústria paulista no mês passado com fevereiro de 2008, tem-se um encolhimento de 4,57%, ou 112.500 postos de trabalho a menos.

- Desde 1995 (início da pesquisa), nunca houve queda com essa expressão num mês de fevereiro - disse Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp.

- Por efeito das condições particulares da atual crise, a indústria perdeu adicionalmente cerca de 200 mil postos comparativamente aos anos anteriores - disse Francini, acrescentando que desde outubro já foram cortados 8,5% do total de empregos industriais no estado.

Dois outros dados divulgados ontem apontam para uma melhora, ainda modesta, no setor. O Sinalizador da Produção Industrial (SPI), elaborado pela FGV a partir do consumo de energia das empresas paulistas, subiu 5% em fevereiro ante janeiro, quando já subira 5,7%.

- Não estamos mais em queda livre, há alguma recuperação na atividade industrial - disse o coordenador da pesquisa, Paulo Picchetti.

Já o Sensor da Fiesp, um indicador de perspectiva, subiu de 42,3 pontos, em fevereiro, para 50,2 este mês, revelando leve melhora no humor dos empresários.