Título: Crise fecha 750 mil vagas
Autor: Flores, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 30/03/2009, Economia, p. 14

Desaceleração da economia elimina 2,3% dos empregos com carteira assinada. Somente em dezembro, 654 mil pessoas foram dispensadas

O país perdeu 750 mil empregos formais desde dezembro, mês em que a crise econômica começou a impactar no mercado de trabalho, segundo análise divulgada ontem pelo Dieese. O número de vagas com carteira de trabalho fechadas entre dezembro e fevereiro corresponde a 2,3% dos empregos celestistas do país. Boa parte das demissões foi gerada pela turbulência global, de acordo com a nota técnica do instituto, elaborada com base em dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais).

Destas, 654 mil foram fechadas apenas em dezembro. Tradicionalmente, o número de demissões no último mês do ano gira em torno de 300 mil. Recuperar esses empregos, não será fácil, alerta o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre. ¿Um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de um ponto percentual representa a geração de cerca de 250 mil vagas. Para recuperar essas vagas a economia teria que crescer em torno de 3% em 2009. O país precisa de medidas para estimular o mercado interno, como aumento dos investimentos públicos e a queda dos juros¿, afirma.

A agropecuária foi o setor mais atingido. Registrou queda de 7,9% do volume de emprego formal em dezembro e de 8,6% no acumulado até fevereiro. Em segundo lugar, aparece a indústria de transformação ¿ queda de 3,6% em dezembro e de 5% no acumulado até fevereiro. Desde novembro, a construção civil diminuiu seu quadro de funcionários em 3,4%, a indústria extrativa mineral em 2,4%, a administração pública em 1,5% e o comércio em 1,1%. No texto, o Dieese orienta o movimento sindical a acompanhar os efeitos da crise sobre o emprego. ¿Primeiro, devido ao fato de que a crise atingiu de forma diferenciada os setores da atividade econômica e as regiões geográficas do país. Segundo, porque as políticas econômicas voltadas para o combate à crise devem influir de forma diferenciada sobre os setores produtivos e sobre as regiões do país¿, destaca.