Título: Sarney demite diretor que usava imóvel irregularmente
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 14/03/2009, O País, p. 4

Em 2008, Zoghbi tinha sete parentes empregados na Casa.

BRASÍLIA. Um dia depois de dizer, num desabafo, que o Senado tinha virado "boi de piranha" em função da onda de denúncias envolvendo altos funcionários da Casa, o presidente José Sarney (PMDB-AP) demitiu ontem o até então poderoso diretor de Recursos Humanos, João Carlos Zoghbi. Cotado inicialmente para substituir o ex-diretor-geral Agaciel Maia, Zoghbi foi acusado de uso irregular de um apartamento do Senado e foi obrigado ontem a pôr o cargo de diretor à disposição. Sarney aceitou imediatamente, mostrando, segundo interlocutores, que não pretende deixar que as denúncias de corrupção maculem sua gestão.

A queda do diretor ocorreu por causa de reportagem publicada pelo jornal "Correio Braziliense" mostrando que o filho recém-casado dele, Marcelo Araújo, ocupava desde janeiro, irregularmente, um apartamento funcional de 180 metros quadrados do Senado, localizado na Asa Norte. Zoghbi , mesmo negando a denúncia, chegou a devolver o imóvel, mas sua situação continuou insustentável.

A situação de Zoghbi já era delicada desde o fim do ano passado. Até então, ele ocupava o segundo cargo mais importante do Senado, rodeado por parentes encastelados em outros cargos. Mas com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de proibir o nepotismo nas três esferas de poder, pelo menos sete parentes seus perderam suas funções no Senado. Entre eles sua mulher, um filho, a nora e a cunhada. A mulher de Zoghbi, Denise, já aposentada do Senado, fora chamada de volta para dirigir o Instituto Legislativo Brasileiro, com salário de cerca de R$10 mil.