Título: Mantega vê sinais de reação no Brasil
Autor: Domingues, Bernardo Pires
Fonte: O Globo, 15/03/2009, Economia, p. 28

Meirelles, também no G-20, acha que dados da economia são encorajadores.

HORSHAM (Inglaterra) e BRASÍLIA. Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que participou da reunião do G-20, o aumento de 1,4% nas vendas do comércio brasileiro em janeiro, divulgadas semana passada pelo IBGE, é mais do que o resultado de promoções pós-Natal. Para ele, o dado mostra uma resposta positiva às medidas que o governo brasileiro vêm tomando desde o fim do ano passado. Essa alta no comércio, disse Mantega, é também um sinal de que a economia brasileira está retomando um crescimento gradual.

- A redução do IPI para os automóveis se deu em dezembro. A partir daí, as vendas retomaram, mas ainda não tínhamos as estatísticas. Esse quadro começou a ficar mais claro em janeiro e fevereiro - comentou o ministro, acrescentando que a economia brasileira talvez "já tenha passado pelo seu pior momento".

Apesar da visão otimista sobre a economia brasileira, Mantega chama a atenção para o fato de que é ainda uma incógnita qual será o comportamento da economia mundial frente à crise financeira.

Ao responder sobre o que o Banco Central poderia fazer para evitar um segundo trimestre consecutivo de Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todos os bens produzidos no país) negativo, o presidente do BC, Henrique Meirelles, fez coro com Mantega:

- O BC tem uma norma de não fazer previsões trimestrais. Fazemos previsões de evolução do PIB anual, mas não há dúvidas de que os primeiros dados referentes à atividade econômica de janeiro e fevereiro são encorajadores.

Integrantes da equipe econômica do governo brasileiro já estão, inclusive, projetando uma expansão de 2% do PIB este ano.

Será uma taxa maior que a esperada pelo mercado, que aposta em crescimento zero ou até mesmo recessão. Para 2010, o cenário pode melhorar, e o Brasil deve fechar o ano com a economia movimentando-se ao ritmo de seu crescimento potencial, na avaliação de integrantes da equipe do governo. O mercado interno seria a chave da recuperação econômica.

Para economista, fluxo de investimentos vai cair

Para integrantes da equipe econômica, o Brasil sai na frente dos emergentes, porque tem reservas internacionais elevadas e pouca dependência de recursos externos. O país hoje é credor em dólares.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, também concorda que o Brasil tem como se recuperar mais rapidamente:

- Temos um sistema financeiro saudável, que não especulou e emprestou pouco para o setor produtivo. Temos reservas que precisamos poupar ao máximo para manter um colchão de liquidez para nosso balanço de pagamentos.

O ex-vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Otaviano Canuto, também ressalta a blindagem brasileira, mas alerta que outras fontes de contaminação não foram eliminadas:

- Não dá para imaginar que vamos sair incólumes, pois a economia mundial tem impacto na economia brasileira. Os fluxos de investimentos vão cair, e isso nós sentimos aqui.