Título: Oposição critica gastos com cartões
Autor: Alvarez, Regina
Fonte: O Globo, 17/03/2009, O País, p. 4
CGU afirma que aumento foi de 169%, menor que o divulgado.
BRASÍLIA. Representantes da oposição fizeram ontem duras críticas ao aumento dos gastos da Presidência da República com cartão corporativo este ano, como mostrou reportagem do GLOBO. Eles consideram que esses gastos estão na contramão da crise econômica e sustentam que o aumento tem relação direta com o esforço do governo para viabilizar a pré-candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, por meio de viagens do presidente Lula para divulgar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As despesas com cartão corporativo foram feitas nas viagens presidenciais e em eventos com a participação do presidente Lula e delegações estrangeiras convidadas pelo governo brasileiro.
Já a Controladoria-Geral da União (CGU) divulgou nota afirmando que as despesas da Presidência da República com cartão no primeiro trimestre de 2009 cresceram 169% em relação a 2008 e não 405%, como mostram os dados do Siafi levantados pela liderança do DEM. A CGU sustenta que a Secretaria de Administração da Presidência (que responde pelos gastos do gabinete presidencial) gastou, no primeiro trimestre de 2008, R$1.001.965,55. O Siafi registra gastos de R$ 550,6 mil. Segundo a CGU, a fatura de dezembro de 2007 do cartão corporativo da Presidência foi paga dentro do mês e não em janeiro de 2008, como de praxe. Por essa razão, teria reduzido a base de comparação de gastos entre 2008 e 2009.
O líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), disse que pediu à assessoria do partido para preparar requerimento de informações, que será encaminhado à Presidência, pedindo explicações sobre gastos com cartão corporativo em 2009:
- Quando todo mundo está tentando sobreviver cortando despesas, o governo mantém gastos ilimitados, com foco na campanha eleitoral. Esse esforço do governo para viabilizar a sua candidata está chocando o país. Vamos agir. Esse comportamento não condiz com momento que estamos vivendo.
Para o senador Agripino Maia (RN), líder do DEM no Senado, o governo deveria dar exemplo no momento de crise, em que a arrecadação despenca, reduzindo drasticamente seus gastos:
- Quem dá exemplo em administração pública é o gestor, o chefe, ele tem que rasgar na própria carne - disse, em discurso na tribuna do Senado.
Já o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), considera que os gastos da Presidência com o cartão corporativo são despesas de interesse público.
- Quanto o país consegue atrair uma cúpula como a do Sauípe (Cúpula da América Latina e do Caribe), é um investimento. São despesas meritórias, assim como as viagens do presidente - disse o líder.
Na opinião de Fontana, a oposição tem visão negativa do presidente Lula e não está sintonizada com a população:
- A população quer os governantes nos estados. O presidente e a ministra têm que continuar viajando. Significa que o governo está em ação.
COLABOROU: Adriana Vasconcelos