Título: BNDES compra 12% de empresa de Eike Batista
Autor: Bôas, Bruno Villas; Balbi, Aloysio
Fonte: O Globo, 17/03/2009, Economia, p. 19

Por R$150 milhões, banco adquire fatia da LLX, como parte da estratégia para investir em megaportos no Rio

RIO e SÃO JOÃO DA BARRA. A BNDESPar, braço de investimento do BNDES, vai adquirir por R$150 milhões uma fatia de 12% da LLX, empresa de logística do grupo EBX, do empresário Eike Batista. A operação, anunciada ontem, faz parte do plano de aumento de capital da LLX, pelo qual vai engordar em R$600 milhões seu caixa para garantir investimentos em dois megaportos no Estado do Rio: o do Açu (em São João da Barra) e Sudeste (em Itaguaí). Os projetos estão orçados em cerca de US$2,8 bilhões e têm inicio de operação prevista para 2011.

Além da venda de participação ao BNDES, a empresa vai receber R$312 milhões de seus atuais sócios - Eike Batista, por meio da empresa Centennial Asset Mining Fund, e o fundo americano Ontario Teachers" Pension Plan Board (OTPP). Outros R$138 milhões fazem parte do direito de compra de acionistas minoritários. A LLX vai emitir um total de 333 milhões ações com direito a voto nessa operação, a R$1,80 cada, ágio de 27% sobre o preço médio negociado na Bovespa nos últimos dois meses. O mercado recebeu negativamente a operação. As ações da LLX recuaram 6,62% na Bovespa, cotadas a R$1,41.

Porto do Açu deve receber US$2,5 bilhões até 2011

Ricardo Antunes, presidente da LLX, afirmou que as negociações com o BNDESPar foram iniciadas um ano e meio atrás, antes da piora da crise mundial. Ele acrescentou que a empresa analisou captar recursos no mercado, com uma oferta pública de ações (IPO), opção que perdeu força com a crise:

- Inicialmente tínhamos um plano de IPO, que não aconteceu por várias razões. Tivemos então a crise no sistema financeiro e a LLX resolveu aguardar.

Na revisão dos planos, a empresa suspendeu, em outubro de 2008, o projeto do Porto Brasil, no litoral de São Paulo, orçado em US$1,9 bilhão. Segundo Antunes, não existe previsão de retomada desse projeto.

Até 2011, o Porto do Açu vai receber US$2,5 bilhões, dos quais US$1,8 bilhão faz parte do terminal de minério de ferro em parceria com a mineradora Anglo American. O porto terá capacidade para movimentar 63 milhões de toneladas de minério por ano, além de 30 milhões de outros produtos, sobretudo siderúrgicos, carvão e granéis.

Em visita ontem ao Porto do Açu, o governador Sérgio Cabral afirmou que o porto também "será uma oficina do pré-sal", referindo-se à exploração da Petrobras na Bacia de Santos. Ao lado de Eike Batista, Cabral afirmou que o projeto não se resume a um porto, mas sim a um condomínio industrial.

- Esse é o maior projeto com investimento privado em curso no Brasil - disse o governador.

Eike Batista, apontado recentemente pela revista "Forbes" como o empresário mais rico do Brasil, disse que 68 empresas teriam assinado memorando de intenção de instalação no condomínio em torno do porto. Ele preferiu não revelar nomes das empresas, mas garantiu que seriam de grande porte. Estimou que serão gerados 20 mil empregos diretos no local.

- Só os eficientes sobreviverão - disse ele.

Já o Porto do Sudeste começa a ser construído em setembro próximo. O projeto exigirá US$380 milhões da LLX e terá capacidade para 25 milhões de toneladas de minério por ano. Mesmo com a entrada do BNDESPar, Eike Batista, permanecerá com o controle da LLX.

COLABOROU Bruno Rosa

oglobo.com.br/economia